sábado, 14 de dezembro de 2013

Estudo 6 - A Precisão dos Períodos Proféticos

Confirmando a Precisão da Profecia
Diante do que foi apresentado nos estudos anteriores, o leitor já está apto a averiguar a precisão dos cômputos proféticos de Daniel 8 e 9. Caso o leitor ainda não tenha estudado o conteúdo daquelas lições, seria interessante que o fizesse antes de prosseguir na investigação do presente estudo, dando especial atenção ao tema do calendário judaico.
Os 2 itens subsequentes tratarão especificamente do início e do fim das 2.300 tardes e manhãs. Os itens 3 e 4 abordarão a questão referente ao meio da septuagésima semana. Através deste estudo, o leitor verá a maravilhosa consistência do esquema profético de Daniel e dará um passo significativo para a comprovação das datas indicadas pela profecia.

1 - O Início e o Fim das 2.300 Tardes e Manhãs (Cálculo do Dia do Mês).


No gráfico acima, estão representadas as 2.300 tardes e manhãs. Haveria um dia exato para o início e para o término desse período profético?
Resposta: Sim. Daniel 8:14 declara: “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado.”. Ou seja, ao término das 2.300 tardes e manhãs deveria ocorrer um evento de purificação do Santuário. No cerimonial típico do Antigo Testamento, isso acontecia no décimo dia do sétimo mês, quando o sumo sacerdote israelita entrava no Lugar Santíssimo do Santuário para purificá-lo de todos os pecados dos filhos de Israel (Levítico 16:29; 23:27 e 32; 25:9; e Números 29:7). Esse evento era conhecido como o Dia da Expiação, o Yom Kippur.

Como ficou demonstrado no estudo 2, as 2.300 tardes e manhãs equivalem a 2.300 dias (Gênesis 1:5), que por sua vez representam 2.300 anos (Números 14:34 e Ezequiel 4:6 e 7). Fixando o término do período no Dia da Expiação, basta retroceder 2.300 anos para se localizar o ponto de partida exato do mesmo período. Mas isso deve tomar como base o calendário judaico, lunissolar, no qual a data do Dia da Expiação era fixada.
Segue-se, então, o seguinte raciocínio: 2.300 anos solares constituem 840.057,037 dias (2.300 x 365,242190 = 840.057,037). Dividindo esse valor pela quantidade de dias de uma lunação, obtêm-se 28.447,01259 lunações ou meses lunares (840.057,037 / 29,530589 = 28.447,01259).
Visto que o início dos meses judaicos depende diretamente da Lua (ver estudo 4), o valor de um mês judaico deve ser igualado, para efeitos de cálculo, ao total de dias de uma lunação. Dessa forma, torna-se fácil identificar o ponto inicial dos 2.300 anos, pois, retrocedendo 28.447 meses judaicos desde o décimo dia do sétimo mês, o início do período também cairá num dia 10, embora tal método não permita determinar a que mês essa data se refere. O raciocínio é idêntico ao que seria feito com base num calendário juliano-gregoriano, utilizado no mundo ocidental. Por exemplo: retrocedendo um mês desde o dia 22 de outubro, chega-se ao dia 22 de setembro; retrocedendo 12 meses desde a mesma data, chega-se ao dia 22 de outubro do ano anterior; retrocedendo 28.447 meses, chega-se ao dia 22 de um mês qualquer. Assim, fica matematicamente demonstrado que o ponto de partida dos 2.300 anos é necessariamente o décimo dia de um mês judaico, o qual ainda precisa ser identificado. A fração de 0,01259 lunação corresponde a apenas 8,92119 horas. Esse valor é bem inferior ao de um dia completo, de 24 horas, sendo, portanto, insuficiente para deslocar as extremidades do período do Dia da Expiação.

Conclusão do Item 1: as 2.300 tardes e manhãs começam e terminam no décimo dia de um mês judaico.

2 - O Início e o Fim das 2.300 Tardes e Manhãs (Cálculo do Mês)
Se Daniel 8:14 já fixa o término do período no sétimo mês, pois era nessa época que ocorria a purificação do Santuário, haveria alguma forma de se localizar o mês em que começariam os 2.300 anos?
Resposta: Sim, se bem que o processo seja um pouco mais complexo do que seria no calendário juliano-gregoriano, pois o ano judaico pode totalizar 12 ou 13 meses. Segue-se, então, o seguinte raciocínio: como, após 19 anos (ou 235 lunações), o ciclo solar e o ciclo lunar novamente se harmonizam, com uma pequena diferença de cerca de 2 horas (ver estudo 4), deve-se dividir o total de lunações existentes em 2.300 anos (28.447 lunações) pela quantidade de lunações de um ciclo metônico (235 lunações). O resultado dessa operação é: 121 ciclos de 19 anos + 12 lunações (resto). Ora, retrocedendo 121 ciclos completos desde o sétimo mês, chega-se, obviamente, ao sétimo mês. Mas, o que fazer com as 12 lunações restantes?
Essas lunações restantes em nada afetam o cálculo, pois, depois de 2.299 anos (que correspondem aos 121 ciclos), a diferença de + 2,08332 horas se acumula em + 10,503405 dias (2,08332 x 121 = 252,08172 / 24 = 10,503405). Isso significa que o esquema lunissolar está terminando 10 dias depois do esquema puramente solar, como pode ser demonstrado no gráfico a seguir.
Obs.: o cálculo do período profético no gráfico acima está representado no sentido inverso ao do raciocínio desenvolvido no texto. No gráfico, o período é calculado do início para o final, ao passo que, no texto, ele é contado do final para o início. Isso não traz maiores problemas, pois a verdade matemática não é afetada.
No entanto, avançando mais um ano (o último do período), essa diferença é corrigida, pois o ano puramente solar é cerca de 10 dias maior que o ano lunar (354,367068 – 365,242190 = – 10,875122).

Conclusão do Item 2: As 2.300 tardes e manhãs começam e terminam exatamente no Dia da Expiação, o décimo dia do sétimo mês.

3 - O Meio da Septuagésima Semana (Cálculo do Mês)
Daniel 9:27 fixa a morte expiatória do Messias no meio da septuagésima semana: “Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares...”. Como ficou demonstrado no estudo 2, o Santuário Terrestre e seus serviços perderam sua validade por ocasião da morte de Cristo, quando o verdadeiro sacrifício pelos pecados da humanidade foi efetuado. Daí o dizer-se que a morte do Messias deveria ocorrer no meio da última semana.
Do início das 70 semanas até a morte do Ungido transcorreriam 69,5 semanas, pois o verso 25 de Daniel 9 indica que o Messias Se manifestaria ao final de “sete semanas e sessenta e duas semanas”, isto é, ao final de 69 semanas; por sua vez, o verso 27 fixa o fim do ministério do Redentor na metade da última semana, o que conduz à conclusão de que a morte de Jesus ocorreria após 69,5 semanas. Isso equivale a 486,5 dias-anos (69,5 x 7 = 486,5).
Ficou claramente demonstrado que as 2.300 tardes e manhãs começam no sétimo mês do calendário judaico. Isso quer dizer que as 70 semanas também se iniciam nesse mês, pois ambos os períodos começam simultaneamente.
Para se localizar o mês indicado para a morte do Ungido, basta acompanhar, então, o seguinte raciocínio: avançando 486 anos a partir do sétimo mês, chega-se também ao sétimo mês; e com os 6 meses restantes, correspondentes à metade de um ano, pode-se chegar ao décimo-terceiro mês ou ao primeiro mês. O Novo Testamento registra que a morte de Jesus ocorreu na época da Páscoa judaica, a qual, consoante a Lei Mosaica, era sempre celebrada no primeiro mês (Marcos 14:12 e Levítico 23:5 e 6). Isso assegura que o meio da septuagésima semana cairia nesse mês do ano judaico.

Conclusão do item 3: o meio da septuagésima semana corresponde ao primeiro mês do calendário judaico.

4 - O Meio da Septuagésima Semana (Cálculo do Dia do Mês)
Não somente o ano e o mês, mas mesmo o dia exato da morte do Salvador já estava indicado em Daniel 9: 69,5 semanas proféticas equivalem a 486,5 dias-anos; estes, por sua vez, consistem em 177.690,3254 dias (486,5 x 365,242190 = 177.690,3254), nos quais há 6.017,161574 lunações (177.690,3254 / 29,530589 = 6.017,161574). Isso representa o total de meses lunares presentes em 486,5 anos.
Desconsiderando-se, num primeiro momento, a fração (0,161574) e avançando apenas com o valor inteiro de 6.017 lunações, chega-se ao décimo dia do primeiro mês, como está representado no gráfico. Caminhando 4,771375 dias, correspondentes a 0,161574 lunação (0,161574 x 29,530589 = 4,771375), a partir do décimo dia do primeiro mês, chega-se ao décimo-quarto dia desse mesmo mês, que seria, então, o dia da crucifixão de Cristo. Mas, o Novo Testamento aponta para o décimo-quinto dia do primeiro mês como o dia da morte do Salvador, o que exige uma pequena correção no esquema traçado até aqui.
Em vez de começar os cômputos proféticos ao pôr-do-sol do Dia da Expiação (como tem sido feito até agora), seria mais sugestivo e exato iniciá-los às 15:00 horas desse mesmo dia, pois era aproximadamente nesse momento que o sumo sacerdote saía do Santuário, depois de tê-lo purificado, e abençoava o povo. Esse era o ponto alto da Festa da Expiação. Com essa pequena alteração no início do período, as 69,5 semanas atingem, não a parte clara do dia 14, e sim, a noite do dia 15, na qual Jesus, após ter celebrado a última Páscoa com os discípulos, instituiu a cerimônia que deveria comemorar Sua morte pelos séculos por vir (1 Coríntios 11:23-26). Naquela mesma noite, Jesus passou pela terrível experiência do Getsêmani e foi preso para ser crucificado.
Observação: neste estudo, os dias estão sendo computados de pôr-do-sol a pôr-do-sol, conforme o esquema bíblico; dessa forma, a referida noite do décimo quinto dia do primeiro mês não é a noite que se segue a esse dia e, sim, aquela com a qual ele se inicia.

Conclusão do item 4: as 69,5 semanas começam às 15:00 horas do Dia da Expiação e se estendem até a noite do décimo-quinto dia do primeiro mês.

Resolvendo o Problema da Palavra “Nitsdaq”
Visto que a palavra  (nitsdaq), geralmente traduzida por “purificado” em Daniel 8:14, não possui relação linguística com o   (taher) de Levítico 16, alguns poderiam contestar as conclusões obtidas neste estudo sob a alegação de que o final das 2.300 tardes e manhãs não cairia, necessariamente, no Dia da Expiação. Dessa forma, o raciocínio desenvolvido nos itens 1 e 2 ficaria seriamente prejudicado, o que comprometeria também as conclusões dos itens 3 e 4, lançando por terra a exatidão da profecia.
Se as conclusões obtidas até aqui realmente dependessem da tradução da palavra “nitsdaq” como “purificado”, seria forçoso reconhecer a veracidade da objeção. No entanto, tal dependência é apenas aparente, pois o mesmo raciocínio desenvolvido nos itens 1-4, tomando por base o Dia da Expiação no final das 2.300 tardes e manhãs (ver novamente o item 1), pode ser seguido pelo caminho inverso. De Efésios 5:2 e Hebreus 10:5-10, pode-se extrair um vínculo entre a cessação do “sacrifício e da oferta de manjares” com a morte de Jesus. Do testemunho de Mateus, Marcos e Lucas, conclui-se que Jesus morreu no décimo-quinto dia do primeiro mês. Retrocedendo 486,5 anos a partir dessa data, chega-se ao décimo dia do sétimo mês, efeméride do Dia da Expiação. Tendo essa data como ponto de partida das 2.300 tardes e manhãs, basta avançar 2.300 anos para se obter o fim desse período. Isso conduz, logicamente, ao Dia da Expiação. Portanto, o evento a se verificar no final das 2.300 tardes e manhãs não poderia ser outro que o da purificação do Santuário.
Uma comparação entre Daniel 8:14, ponto alto da visão, e Daniel 7:9, 10 e 13, em que o Filho do homem é conduzido ao tribunal, à presença do Ancião de Dias, para participar da obra do julgamento, confirma a ideia de que o evento a se realizar ao final das 2.300 tardes e manhãs é o da purificação do Santuário. Em Apocalipse 5:6, Cristo é retratado no mesmo ambiente em que é descrito o trono de Deus. De Apocalipse 4:1 e 5; e 8:3 e 4, depreende-se que esse seja o primeiro compartimento do Santuário Celestial, pois era nessa divisão do Santuário Terrestre que estavam localizados o candelabro e o altar de incenso (Êxodo 40:2-8). O segundo compartimento só é mencionado em Apocalipse 11:19, em que se diz que o Santuário de Deus foi aberto e que nele foi vista a arca da aliança. Assim, ao ascender ao Céu, no ano 31 A.D., Jesus deu início ao Seu ministério de intercessão no primeiro compartimento do Santuário. Quando Daniel 7:13 descreve Cristo Se deslocando para a presença do Ancião de Dias (Deus Pai), a fim de participar ativamente do trabalho de julgamento, essa cena não pode estar retratando outra coisa senão a entrada de Jesus no Lugar Santíssimo do Santuário Celestial. É ali, diante da arca da aliança, onde está guardada a Lei de Deus, que deve ser realizado o julgamento (Eclesiastes 12:13 e 14; e Tiago 2:12). De acordo com Hebreus 9:6 e 7, o sumo sacerdote judeu só entrava nesse compartimento no Dia da Expiação (Levítico 16:2, 3, 11-17 e 29-34). Logicamente, Daniel 7:13 está tratando desse acontecimento; e a data do décimo dia do sétimo mês, demonstrada através da inter-relação entre Daniel 8:14 e Daniel 9:25-27, assegura a veracidade desse entendimento.

Concluindo
Por meio deste estudo, o leitor pôde comprovar a fantástica precisão dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9. As 2.300 tardes e manhãs começam num Dia da Expiação e se estendem até outro Dia da Expiação. Isso é deveras impressionante, tendo em vista que o calendário empregado é o judaico, cujos anos podem ser de 354 ou 383 dias, valores diferentes do ano solar (365,242190 dias). Se o livro de Daniel falasse em 2.299 anos, por exemplo, e o início do período fosse fixado no décimo dia do sétimo mês, a data final não coincidiria com o Dia da Expiação. Deus, em Sua perfeita sabedoria, escolheu uma quantidade tal de anos que pudesse estar compreendida entre 2 eventos de purificação do Santuário.
Mais fantástico ainda é descobrir que as 69,5 semanas se estendem até o dia exato da morte de Jesus. A morte de Cristo, o acontecimento mais importante do plano da salvação, é também aquele que firma a compreensão de toda a profecia, pois, como se verá mais adiante, através da data da crucifixão de Jesus, todas as outras datas do esquema de Daniel 8 e 9 podem ser localizadas.
Se o leitor apresentou dificuldades em apreender o conteúdo desta lição, devido à grande quantidade de cálculos, seria aconselhável que refizesse sua leitura, acompanhando, com atenção, cada etapa do raciocínio. Com toda a certeza, o Espírito Santo, aquele Espírito de verdade, que o próprio Mestre prometeu enviar em auxílio de Seus seguidores, guiará o pesquisador sincero a toda a verdade, de tal forma que seja tomado de admiração pela inescrutável sabedoria de Deus e tenha sua fé fortalecida no inesgotável amor do Salvador.

Henderson H. L. Velten

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