Uma análise séria e competente da profecia das 70 semanas depende, em larga medida, do conhecimento de conceitos e princípios oriundos da Astronomia, pois as datas indicadas para os grandes acontecimentos relacionados ao plano de salvação só podem ser comprovadas mediante o exame de documentos antiqüíssimos cujas informações estão diretamente ancoradas no posicionamento dos astros.
O papel de destaque ocupado pela Astronomia é referido pelas Escrituras em termos inconfundíveis. Segundo o relato inspirado, o propósito pelo qual foram criados o Sol, a Lua e as estrelas é “para fazerem separação entre o dia e a noite” e para servirem “para sinais, para estações, para dias e anos” (Gênesis 1:14). Em outras palavras, pela própria vontade de Deus, os corpos celestes deveriam orientar a contagem do tempo entre os homens. Visto que o estudo das 70 semanas é, acima de tudo, de natureza cronológica, torna-se imprescindível o uso da Astronomia como recurso pelo qual as datas propostas podem ser comprovadas. Isso se tornará mais claro nos próximos estudos desta série.
A relevância da pesquisa astronômica também é indicada no livro bíblico de Jeremias, em que se faz referência à intenção de Deus de firmar “nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá” (Jeremias 31:31). A idéia de “firmar uma aliança com Seu povo”, que é análoga à de Daniel 9:27 (“Ele fará firme aliança com muitos por uma semana”), aparece, por via indireta, associada às leis fixas do Sol, da Lua e das estrelas: “Assim diz o SENHOR, que dá o Sol para a luz do dia e as leis fixas à Lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; SENHOR dos Exércitos é o Seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de Mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de Mim para sempre.” Jeremias 31:35 e 36. Ver também Jeremias 33:20, 21, 25 e 26.
O salmista também percebeu a estreita conexão entre os movimentos dos corpos celestes e o cômputo do tempo, pois, em suas palavras, Deus “fez a Lua para marcar o tempo; o Sol conhece a hora do seu ocaso.” Salmos 104:19.
Diante de todas essas indicações escriturísticas, torna-se necessário obter noções mais claras de Astronomia para uma melhor compreensão sobre a contagem do tempo.
O que é a Astronomia?
A Astronomia nada mais é do que a ciência que se ocupa do estudo dos astros, abrangendo sua composição, estrutura e movimentos. Não se trata de um mero hobby, praticado por pessoas que se deleitam em conhecer os mistérios do céu. Na verdade, a Astronomia surgiu para atender a necessidades reais da humanidade. Um exemplo da importância prática dessa ciência pode ser encontrada na própria contagem dos dias, como foi mencionado anteriormente, cujos métodos estão inseparavelmente relacionados com os conhecimentos astronômicos.
Visto que o saber astronômico é extremamente amplo, torna-se inviável descrevê-lo todo num único livro ou tratado. Tal não é o propósito do presente estudo, que se limitará a fornecer algumas informações básicas relativas ao escopo desta série sobre os períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Dessa forma, serão objetos de consideração a inclinação do eixo da Terra, seus movimentos de rotação e translação, as estações do ano, as constelações zodiacais, os movimentos da Lua e suas 4 fases, além de algumas noções de referências astronômicas.
O Movimento de Rotação da Terra
Observação: o conteúdo desta seção foi extraído e adaptado da apostila Estudos em Ciência e Religião, segunda parte, do Prof. Orlando R. Ritter.
Rotação é o nome dado ao movimento que a Terra executa em torno de si mesma, de oeste para leste, o qual é responsável pelo percurso que o Sol, a Lua e as estrelas realizam diariamente pelo céu, de leste para oeste. Também deriva desse movimento a sucessão dos dias e das noites, quando metade da superfície terrestre fica iluminada pelo Sol e metade fica na sombra. O intervalo de tempo correspondente a uma rotação completa da Terra chama-se “dia”.
Denomina-se “dia sideral” o período decorrido entre 2 passagens consecutivas de uma mesma estrela pelo meridiano de uma mesma localidade (linha imaginária que, passando pelo zênite, liga os pontos norte e sul do horizonte). Cada dia sideral é composto de 24 horas siderais, cada uma constituída de 60 minutos, cada um deles dividido em 60 segundos.
Denomina-se “dia solar” o período decorrido entre 2 passagens consecutivas do Sol pelo meridiano de uma mesma localidade (quando o Sol cruza o meridiano é meio-dia). Também é dividido em 24 horas (solares), cada uma constituída de 60 minutos ou de 3.600 segundos. Em virtude da translação da Terra em torno do Sol, avançando aquela aproximadamente um grau por dia (a translação completa implica em 360º), o dia sideral é ligeiramente menor que o dia solar. Como o Sol, em última instância, é que regula o dia a dia das atividades humanas, o dia sideral interessa apenas aos astrônomos.
O Movimento de Translação da Terra
Além do movimento de rotação, que a Terra executa em torno de si mesma, existe outro movimento, de igual importância, denominado de “translação”, que a Terra realiza em torno do Sol. Esse movimento é executado numa órbita1 elíptica1 de pequena excentricidade1 e determina o período de tempo chamado “ano”, no qual ocorrem os fenômenos das estações. O valor do ano trópico (solar), segundo o The Astronomical Almanac for the year 1995, produzido pelo Nautical Almanac Office United States Naval Observatory, é de 365,242190 dias ou 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45,2 segundos.
A distância da Terra ao Sol não é constante, devido à ligeira excentricidade de sua órbita. Ao ponto em que a Terra atinge seu maior afastamento do Sol, dá-se o nome de “afélio”; e o ponto em que ela se encontra mais próxima daquele astro denomina-se “periélio”.
A Inclinação do Eixo de Rotação da Terra
O eixo1 de rotação da Terra está inclinado cerca de 23º 27’ em relação à perpendicular1 do plano1 da órbita, o que pode ser exemplificado pela ilustração abaixo. A conjugação dessa inclinação com o movimento de translação é responsável pelas diferentes estações do ano.
Ilustração extraída do site http://astro.if.ufrgs.br/tempo/mas.htm |
As Estações do Ano
Ao contrário do que se pensa, as estações do ano não decorrem diretamente da maior ou da menor proximidade da Terra ao Sol e, sim, das diferentes posições que os hemisférios1 ocupam durante o percurso realizado pelo planeta. Conforme pode ser representado pela figura abaixo, a quantidade de luz que incide sobre os hemisférios varia, dependendo da posição em que a Terra se encontra.
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Aos 2 pontos em que os hemisférios terrestres estão igualmente iluminados (21 de março e 23 de setembro, aproximadamente), dá-se o nome de “equinócios”. Nesses pontos, a duração do dia e da noite é praticamente a mesma. Aos 2 pontos em que os hemisférios atingem o máximo da diferença de iluminação entre si (21 de junho e 22 de dezembro, aproximadamente), dá-se o nome de “solstícios”.
Os equinócios marcam o início das estações da primavera e do outono, ao passo que os solstícios dão abertura ao verão e ao inverno. Enquanto, no hemisfério setentrional (ou norte), o equinócio de 21 de março principia a primavera, no hemisfério meridional (ou sul), essa mesma data dá início ao outono. No equinócio de 23 de setembro, as posições se invertem: no hemisfério norte, começa o outono, e, no hemisfério sul, começa a primavera. Quanto aos solstícios, a ideia é a mesma. Enquanto 21 de junho assinala o início do verão setentrional, essa mesma estação só começará no hemisfério meridional a partir de 22 de dezembro. Por outro lado, enquanto em 21 de junho o hemisfério sul já começa a viver no período do inverno, tal estação só terá início no hemisfério norte em 22 de dezembro. Dessa forma, de um modo geral, o ano é caracterizado por 4 estações diferentes, cada qual começando num equinócio ou num solstício.
Os Movimentos da Lua
Assim como a Terra, a Lua executa 2 movimentos simultâneos principais. O primeiro é o de translação, pelo qual descreve uma órbita elíptica em torno da Terra: tal movimento é também denominado de “revolução lunar”. Os 2 pontos máximos de aproximação e afastamento entre a Terra e a Lua recebem, respectivamente, os nomes de “perigeu” e “apogeu”. A Lua completa essa órbita em 27 dias, 7 horas, 43 minutos e 11,6 segundos. O segundo movimento, denominado de “rotação”, é realizado em igual intervalo de tempo e, por essa coincidência, a Lua tem sempre a mesma face voltada para a Terra, o que é ilustrado pela figura abaixo.
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As Fases da Lua e o Conceito de “Primeiro Crescente”
Enquanto descreve sua trajetória elíptica em torno da Terra, a Lua pode ser vista sob diferentes aparências denominadas “fases”, as quais existem porque o satélite, como corpo não-luminoso, reflete a luz solar com ângulos de incidência variáveis. Em sua órbita, épocas há nas quais todo o hemisfério iluminado da Lua é visível da Terra: nessas circunstâncias, ela se encontra em sua fase de “cheia”. Caso o hemisfério iluminado não possa ser visto da Terra, a fase é descrita como “nova”. Quando apenas metade do hemisfério iluminado é visível da Terra, ocorre uma “quadratura”: caso esta ocorra entre a lua nova e a lua cheia, é denominada de “quarto crescente”; se ocorrer entre a lua cheia e a lua nova, recebe o nome de “quarto minguante”.
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A um observador situado sobre a superfície terrestre, a Lua parece descrever 2 movimentos totalmente distintos e em sentidos contrários, sendo um mais facilmente percebido do que o outro. Um deles é o que a Lua descreve de leste para oeste; este não representa seu movimento de translação, mas decorre da rotação do globo. Na verdade, o movimento que a Lua realiza em torno da Terra ocorre de oeste para leste e só pode ser percebido mediante a adoção de um referencial. Por exemplo: numa determinada tarde - estando a Lua na fase de cheia - enquanto os últimos raios do Sol poente estiverem desaparecendo no oeste, ela estará surgindo no leste. Mas, a cada instante, a Lua se desloca um pouco mais para o leste; por isso, no dia seguinte, após o pôr-do-sol, ela demorará alguns minutos mais para emergir do horizonte. Essa é uma maneira bem prática de se verificar o verdadeiro sentido da órbita lunar.
Quando o Sol e a Lua estão em lados opostos do céu, declara-se que a Lua está em “oposição”2 ao Sol. Nessas circunstâncias, no momento em que o Sol se põe no oeste, a Lua nasce no leste toda iluminada (fase de cheia). No entanto, à medida que o tempo passa, a Lua vai se deslocando cada vez mais para o leste, até encontrar o Sol. Quando isso ocorre, afirma-se que eles estão em “conjunção”2. Nessas circunstâncias, à hora do pôr-do-sol, a Lua também estará se ocultando no horizonte oeste.
Pouco depois da conjunção, visto que a Lua continua seu deslocamento para o leste, é possível vislumbrar um pequeno filete no céu, denominado de “primeiro crescente”. Se o primeiro crescente não for visível no mesmo dia em que ocorrer a conjunção, certamente o será em algum dos 2 dias subsequentes. Esse fenômeno, também conhecido como “a primeira visibilidade da Lua”, pode ser observado logo após o pôr-do-sol, depois que a claridade se desvanecer ao ponto de permitir que as primeiras estrelas se tornem visíveis. Tal conceito será de grande relevância para os próximos estudos desta série, que se ocuparão do tema dos sistemas de calendário.
Mês Sideral e Mês Sinódico
Em relação ao Sol, o ciclo lunar dá origem ao mês sinódico, que pode ser definido como o período compreendido entre 2 conjunções do Sol e da Lua. Sua duração média é de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,9 segundos. Como a órbita da Lua é excêntrica, o comprimento do mês sinódico não é constante e varia em cerca de 13 horas.
Qual a razão da diferença de duração entre o mês sideral (período que a Lua demora para dar uma volta completa em torno da Terra) e o mês sinódico?
Resposta: Como pode ser demonstrado na ilustração abaixo, ao mesmo tempo que a Lua gira em torno da Terra (1), esta caminha descrevendo sua órbita em torno do Sol. Dessa forma, embora já tenha realizado uma volta completa ao redor da Terra (2), a Lua terá que avançar um pouco mais para ocupar a mesma posição relativa à Terra e ao Sol (3), perfazendo um total de 29,530589 dias, que é o valor do mês sinódico (The Astronomical Almanac for the year 1995).
Ilustração da Nova Barsa, cortesia de Barsa Planeta Internacional Ltda. |
As Constelações Zodiacais
O zodíaco pode ser definido como o conjunto de constelações pelas quais o Sol aparentemente caminha durante o ano. São 12 no total, permanecendo o Sol em cada uma delas por um período aproximado de 30 dias. São elas as constelações de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.
Embora esses termos também sejam usados freqüentemente pela Astrologia para fins de auto-conhecimento e previsão do futuro, quando empregados pelos astrônomos, são despojados de seu conteúdo esotérico e servem apenas como forma de identificar as constelações, já milenarmente conhecidas por esses nomes. A Bíblia é bem enfática ao condenar os que “dissecam os céus e fitam os astros” para predizer “em cada lua nova” “o que há de vir sobre ti” (Isaías 47:13). Segundo as Escrituras, o único que conhece o futuro é Deus (Isaías 41:22, 23 e 26; 42:9; 44:7 e 8; 46:9-11; e 48:3 e 5-7). Destarte, é completamente inútil e tolo consultar os ditos astrólogos. Além disso, diz a Bíblia que os praticantes dessa falsa ciência são abominação aos olhos do Senhor (Deuteronômio 18:9-14). Por outro lado, afirmam as Escrituras que Deus “faz sair o Seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais Ele chama pelo nome; por ser Ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar” (Isaías 40:26). Ver também Salmos 147:4. Em Jó 38:31-33, Deus responde aos questionamentos de Seu servo com as seguintes palavras: “Ou poderás tu atar as cadeias do Sete-estrelo ou soltar os laços do Órion? Ou fazer aparecer os signos do Zodíaco ou guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, podes estabelecer a sua influência sobre a Terra?”. Compreende-se, a partir desses versos, que, embora se possa fazer um uso indevido do conhecimento sobre os movimentos dos corpos celestes, isso, de maneira alguma, anula a importância da verdadeira e sadia aplicação desse mesmo conhecimento. Pelo contrário, ao contemplar o salmista “os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a Lua e as estrelas que estabeleceste”, de seus lábios fluíam o mais perfeito louvor: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a Terra é o Teu nome!” Salmos 8:3 e 9.
Referências Astronômicas
Existem certas coordenadas, criadas para facilitar a localização dos corpos celestes, que serão de grande utilidade em futuros estudos desta série. Por isso, não seria adequado encerrar o presente estudo sem que tais coordenadas fossem apresentadas e conceituadas. Antes, porém, algumas idéias fundamentais precisam ser esclarecidas, a fim de que o leitor possa tirar melhor proveito do assunto.
Observação: o conteúdo dos itens a seguir foi extraído e adaptado do livro Conceitos de Astronomia, do Prof. Roberto Bozco.
1) Visualizando as Referências Fundamentais.
Uma pessoa que estiver num deserto bem plano ou numa ilha circundada de um mar que possa ser considerado calmo verá que o céu e a terra parecem se encontrar, muito ao longe. À linha que aparenta ser essa interseção, dá-se o nome de “linha do horizonte”; e ao plano que contém essa linha, de “plano do horizonte”.
Como é mais provável que a grande maioria das pessoas não esteja assim num lugar tão favorável (plano), impedindo a visualização dessa linha, deve-se definir o plano do horizonte de outra forma.
Suspendendo-se um fio de prumo, a direção indicada por ele será chamada de “vertical”. Ao plano perpendicular à vertical do local, dá-se o nome de “plano do horizonte”. Essa vertical, que passa pelo observador, parece furar o céu num ponto muito acima de sua cabeça denominado de “zênite”. O ponto oposto ao zênite, com relação ao observador, é o “nadir”.
2) Conceito de Esfera Celeste.
Como todos os astros que podem ser contemplados estão muito distantes de qualquer observador da Terra, perde-se a noção de “profundidade” e têm-se a impressão de que eles estão dispostos sobre uma grande esfera, que circunda a Terra, chamada de “esfera celeste”. Os pólos da Terra passam a ser considerados, então, como os pontos da esfera celeste que não giram, pelos quais passa o “eixo de rotação”. O plano perpendicular ao eixo de rotação e que passa pelo centro da Terra é denominado de “plano do Equador”. A grande circunferência que se forma na interseção desse plano com a esfera celeste é chamada de “Equador celeste”.
3) Plano Meridiano, Meridiano Local e Plano Vertical.
Outro conceito relevante é o do “plano meridiano”. Pode ser definido como o plano que contém a linha norte-sul e que passa pelo observador e pelo zênite. A intercessão desse plano com a esfera celeste define uma circunferência chamada de “meridiano local”. Qualquer semi-plano definido pela vertical do local se chama “plano vertical” ou “o vertical” do local e corresponde à metade de um plano meridiano.
4) Paralelos Celestes e Círculos Horários.
Todos os planos paralelos ao Equador celeste, ao interceptarem a esfera celeste, definem circunferências chamadas de “paralelos”. As semicircunferências cujo centro é o mesmo da esfera celeste e que passam por seus pólos determinam os “meridianos”. Visto que o Equador celeste e o Equador terrestre se encontram no mesmo plano e que o centro da esfera celeste é o mesmo da Terra, pode-se dizer que os paralelos e os meridianos celestes coincidem com os geográficos. O meridiano celeste é denominado de “círculo horário”.
5) Conceito de Eclíptica.
Ao caminho percorrido pelo Sol entre as constelações zodiacais, dá-se o nome de “Eclíptica”. O plano da Eclíptica possui uma inclinação de cerca de 23º 27’ em relação ao plano do Equador. Por causa disso, durante sua trajetória anual, o Sol, na Eclíptica, cruza o Equador apenas 2 vezes. Uma, próxima a 21 de março, estando na constelação de Peixes, quando o Sol se desloca para o hemisfério norte; a esse ponto se dão os nomes de “ponto gama”, “ponto vernal” ou “ponto equinocial da primavera boreal”. O outro ponto, oposto ao “gama”, que representa a passagem do Sol para o hemisfério sul, denomina-se “ponto libra” e ocorre próximo a 23 de setembro. Nessa época, o Sol se encontra na constelação de Virgem.
6) Coordenadas Astronômicas.
Com base nessas informações, podem ser definidas as 4 coordenadas principais para a localização de qualquer astro:
A) Azimute: é o ângulo medido no plano do horizonte, desde a direção norte, no sentido para leste, até o vertical do astro. Varia entre 0 e 360º.
B) Altura: é o ângulo contado no plano vertical do astro, medido a partir do horizonte. Por convenção, é admitido positivo acima do horizonte e negativo abaixo dele. Dessa forma, varia entre –90º e +90º.
C) Ascensão Reta: é o ângulo, medido sobre o Equador, entre o meridiano que passa pelo ponto gama e o círculo horário que passa pela estrela. A contagem é efetuada no sentido anti-horário quando vista desde o pólo norte. Varia entre 0 e 360º, embora seja mais comum a utilização da medida em horas (entre 0 e 24 h).
D) Declinação: é o ângulo, medido sobre um círculo horário, entre o Equador e o paralelo que passa pela estrela. A declinação é positiva para estrelas do hemisfério norte e negativa para as do sul. Varia entre –90º e +90º.
“Olha Para os Céus.”
Séculos atrás, quando Deus confirmou a Abraão a promessa da vinda de um Redentor, ordenou-lhe que olhasse para os céus e tentasse contar as estrelas: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes”, foram as palavras do Senhor. “E lhe disse: Será assim a tua posteridade.” Gênesis 15:5. Que naquelas poucas palavras estava implícita a perspectiva messiânica se depreende da promessa original feita a Abraão, por ocasião de sua saída de Ur dos caldeus: “De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12:2 e 3. Ver também Gênesis 22:15-18 e 26:2-5. Referindo-se a esse texto, comentou o apóstolo Paulo: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos.” “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.” Gálatas 3:8 e 16. Dessa forma, através dO mais ilustre de seus descendentes (isto é, Jesus), Abraão haveria de ser um instrumento de benção para toda a humanidade. Quão curioso é constatar que, aos leitores desta série de estudos, cujo primordial interesse é conhecer as profundidades do plano de salvação, seja feito o mesmo convite que outrora fora dirigido pelo Senhor ao pai da fé: “Olha para os céus”. Sim, a mesma ordem é estendida hoje aos que buscam entender melhor as maravilhas desse plano de amor. Por que não aceitar esse convite? A Astronomia muito pode contribuir numa compreensão mais nítida das boas novas do Salvador; por isso é que seu estudo se reveste de tanta importância para os que desejam fundamentar melhor a sua experiência de fé.
Os próximos estudos desta série tratarão dos principais sistemas de calendário adotados no transcurso da História, especialmente aqueles que estiverem mais intimamente relacionados com as 70 semanas da profecia de Daniel. Para esses estudos, os conceitos e princípios de Astronomia expostos aqui serão fundamentais. Que Deus possa abençoar aos leitores deste e dos vindouros estudos, concedendo-lhes o discernimento necessário para compreenderem “o que Deus tem reservado para aqueles que O amam” (1 Coríntios 2:9).
Bibliografia:
The Astronomical Almanac for the year 1.995. Washington, D.C.: Nautical Almanac Office United States Naval Observatory. London: Her Majesty’s Nautical Almanac Office Royal Greenwich Observatory.
Verbete “Lua”, Enciclopédia Barsa, vol. 8, Encyclopaedia Britannica Editores Ltda., 1.979. p. 386
BOZCO, Roberto, Conceitos de Astronomia, São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1.984.
RITTER, Orlando R., Estudos em Ciência e Religião, segunda parte, Instituto Adventista de Ensino, 1.978.
Henderson H. L. Velten
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