Introdução
O primeiro passo para se verificar a exatidão da profecia das 70 semanas já foi dado no estudo anterior, no qual foram expostos os conceitos e os princípios fundamentais de uma das mais antigas áreas de estudo da humanidade, a Astronomia. Na ausência dessas informações, a compreensão de certos aspectos dos principais sistemas de calendário, tão relevante nesta série de estudos, ficaria relativamente comprometida. No presente estudo, o leitor desenvolverá seu raciocínio a partir das noções já adquiridas de Astronomia, ao conhecer alguns dos mais importantes calendários produzidos pela Antigüidade.
O que é um Calendário?
Calendário é todo sistema de cômputo de um intervalo de tempo relativamente longo, cujos fundamentos são astronômicos (daí a necessidade do estudo anterior) e cujas divisões (estações, meses, semanas, dias, horas e suas subdivisões) procuram atender às necessidades da vida civil e religiosa. Pode ser definido também como o conjunto de regras usadas com a finalidade de agrupar os dias em diversos períodos que possibilitem um fácil cômputo do tempo.
Cada conjunto de diferentes regras dá origem a um calendário diferente. Vale ressaltar que qualquer calendário que siga as regras preestabelecidas é correto, sendo impróprio, portanto, dizer que um calendário é melhor que outro. Alguns calendários, no entanto, se aproximam mais de um ideal definido na sua concepção do que outros. Por exemplo, o melhor calendário solar é aquele cuja estrutura é tal que sua duração média mais se aproxime do valor 365,242190 dias, que é a duração do ano solar.
O Dia, o Mês e o Ano
O dia, o mês e o ano constituem divisões extraídas de fenômenos astronômicos. O dia, cuja noção nasceu do contraste entre a luz solar e a noite, é o elemento mais antigo e fundamental do calendário; a observação da periodicidade das fases lunares gerou a idéia de mês; e o conceito de ano originou-se da repetição alternada das estações.
A Semana e as Horas
A semana não corresponde propriamente a um fenômeno astronômico, embora alguns tentassem associá-la às fases da Lua. Conforme o relato de Gênesis, sua origem remonta à criação do mundo. A divisão do dia em horas é igualmente convencional e sua idealização deve ser creditada aos povos mesopotâmicos.
Tipos de Calendários
Os principais calendários produzidos pelos povos da Antiguidade podem ser classificados em solares (como o egípcio e o romano) e lunissolares (como o babilônico-persa e o judaico).
Os calendários lunissolares baseiam-se no mês lunar sinódico, que é o intervalo de tempo entre 2 conjunções do Sol e da Lua e cuja duração é de 29,530589 dias, mas procuram fazer concordar o ano lunar, de 354,367068 dias, com o ano solar, cujo valor é de 365,242190 dias, por meio da intercalação periódica de um mês adicional.
Os calendários solares seguem unicamente o curso aparente do Sol, fazendo coincidir, com maior ou menor precisão, o ano civil com o solar, visando que as estações recaiam todos os anos nas mesmas datas.
A seguir, serão objetos de estudo mais pormenorizado os calendários egípcio, juliano, gregoriano, judaico e babilônico-persa. Embora a humanidade tenha confeccionado vários outros calendários no decorrer da História, tais como o chinês, o hindu e o muçulmano, os mencionados acima possuem particular importância por serem utilizados em obras de escritores clássicos, papiros judaicos e tabletes babilônicos, dos quais será retirada a maior parte das informações necessárias para uma datação precisa dos acontecimentos indicados na profecia das 70 semanas. Daí a razão de terem sido escolhidos para um exame mais detalhado no presente estudo.
O Calendário Egípcio
O ano egípcio possuía 365 dias, divididos em 12 meses de 30 dias cada, aos quais se acrescentavam 5 dias intercalares, chamados de “epagômenos” (ou celestes). Como não possuía um ano equivalente ao bissexto, o calendário egípcio percorria 1.460 anos julianos para atingir novamente a mesma posição no ano trópico (ou solar). Em outras palavras, se, num determinado ano, o primeiro dia do calendário egípcio coincidisse com o primeiro dia do calendário juliano, isso poderia se repetir nos próximos 3 anos consecutivos. Depois disso, tal coincidência só seria possível após um período de 1.456 anos. Essa posição inicial equivalia ao nascer helíaco1 da estrela Sótis (Sírius) e ao início da enchente do Nilo. Ao período de 1.460 anos, dava-se o nome de “Ciclo Sotíaco”, que pode ser melhor compreendido utilizando-se a tabela abaixo:
Calendário
Juliano |
Calendário
Egípcio |
Calendário
Sotíaco |
1º de Janeiro | 1º dia do ano | 1º ano |
1º de Janeiro | 1º dia do ano | 2º ano |
1º de Janeiro | 1º dia do ano | 3º ano |
1º de Janeiro | 1º dia do ano | 4º ano |
1º de Janeiro | 2º dia do ano | 5º ano |
1º de Janeiro | 2º dia do ano | 6º ano |
1º de Janeiro | 2º dia do ano | 7º ano |
1º de Janeiro | 2º dia do ano | 8º ano |
1º de Janeiro | ... | ... |
1º de Janeiro | 365º dia do ano | 1.457º ano |
1º de Janeiro | 365º dia do ano | 1.458º ano |
1º de Janeiro | 365º dia do ano | 1.459º ano |
1º de Janeiro | 365º dia do ano | 1.460º ano |
0,25 dia x 4 anos = 1 dia
0,25 x período sotíaco = 365
período sotíaco = 365 / 0,25
período sotíaco = 1.460
O ano egípcio era dividido em 3 estações:
1) ’Akhet: inundação.
2) Peret: emersão.
3) Shemu: verão.
Visto que o ano egípcio era vago (por não possuir um ano bissexto), essas estações percorriam o ano trópico, juntamente com os meses, até que atingissem novamente a posição inicial. Isso aparentemente não perturbava a sociedade egípcia mais do que a sociedade ocidental é perturbada pela habitual designação 25 de dezembro de 2001 pela fórmula 25/12/01, na qual dezembro, o décimo mês, é chamado de 12.
Primitivamente, os egípcios não usavam nomes para designar seus meses. Empregava-se, por exemplo, a fórmula “no segundo mês de Shemu” para fazer referência ao décimo primeiro mês. A partir do segundo milênio A.C., gradualmente os numerais foram sendo trocados por nomes e, em período posterior, esses nomes foram usados exclusivamente. São eles:
1) Thoth
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7) Phamenoth.
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2) Phaophi
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8) Pharmuthi.
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3) Athyr.
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9) Pachons.
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4) Choiak.
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10) Payni.
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5) Tybi
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11) Epiphi.
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6) Mechir.
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12) Mesore.
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O Cânon de Ptolomeu
Cláudio Ptolomeu foi um astrônomo que viveu em Alexandria, no segundo século da Era Cristã, e escreveu a obra conhecida pelo nome árabe “Almagesto”.
No Almagesto, Ptolomeu menciona 19 eclipses lunares datados pelo ano, mês, dia e hora, em termos dos anos de reinado de diversos reis. Visto que os intervalos entre essas observações são importantes para sua teoria dos movimentos celestes, Ptolomeu fornece, como uma espécie de apêndice ao Almagesto, uma lista (cânon) de reis, com o comprimento de cada reinado, para servir como uma escala cronológica para sua informação astronômica. O primeiro monarca da lista é o rei Nabonassar, da Babilônia. De acordo com a contagem egípcia, seu reinado começou em primeiro de Thoth, o Dia do Ano Novo, cuja data juliana, estabelecida através dos eclipses lunares mencionados na obra, é 26 de fevereiro de 747 A.C.3
A despeito da omissão de certos reinados (em razão de sua curta duração, tais como os dos imperadores Galba, Óton e Vitélio, cujos anos de reinado são somados aos de Vespasiano), o Cânon de Ptolomeu é bastante exato, tendo permitido fixar a data da conquista de Babilônia por Ciro, bem como estabelecer conexões com as listas das dinastias babilônicas mais antigas. Em virtude disso, o Cânon de Ptolomeu continua sendo uma importante fonte de pesquisa para os modernos trabalhos de cronologia.
O Calendário Juliano
O mais antigo calendário de Roma, atribuído a Rômulo, fundador lendário dessa cidade, era composto de 304 dias, divididos em 10 meses, 6 de 30 dias e 4 de 31. Numa Pompílio, sucessor de Rômulo, intentou fazer concordar o calendário com o ano solar, acrescentando 2 meses (janeiro e fevereiro, respectivamente de 29 e 28 dias) e diminuindo 1 dia aos meses de 30 dias. Com essa medida, Numa Pompílio acrescentou 51 dias ao calendário, resultando, portanto, num ano de 355 dias. Um décimo terceiro mês, denominado de “Mercedonius”, era acrescentado de 2 em 2 anos. Por fatores diversos, essas intercalações não foram realizadas da maneira correta, o que desordenou o calendário. Em 46 A.C., a diferença entre o ano civil e o ano trópico chegava a 80 dias. Júlio César resolveu, então, reformular drasticamente o calendário. Para efetuar tal reforma, o ano 46 A.C. teve sua duração prolongada, atingindo o total de 445 dias. Em razão disso, esse ano foi apelidado de “ano da confusão”. A partir de primeiro de janeiro de 45 A.C., Júlio César introduziu um calendário puramente solar, inspirado no ano egípcio de 365 dias, mas com a inovação do acréscimo de 1 dia a cada 4 anos para aproximar o ano civil do ano trópico. César estabeleceu o primeiro de janeiro como o Dia do Ano Novo e manteve os nomes dos meses “setembro”, “outubro”, “novembro” e “dezembro”, embora não fossem mais o sétimo, o oitavo, o nono e o décimo meses do ano.
No calendário juliano, cada mês era dividido em 3 partes desiguais pelas calendas, nonas e idos. As calendas eram sempre o primeiro dia do mês, enquanto que as nonas e os idos caíam, respectivamente, nos dias 7 e 15, nos meses de março, maio, julho e outubro, e nos dias 5 e 13, nos demais meses. A contagem das nonas e dos idos era regressiva. Assim, o dia seguinte às calendas era o sexto (meses de março, maio, julho e outubro) ou o quarto (demais meses) antes das nonas do mesmo mês. Por exemplo, o sexto dia antes das nonas de março era o segundo dia desse mês. Igualmente, o dia imediato às nonas vinha a ser o oitavo antes dos idos, qualquer que fosse o mês. Por sua vez, contavam-se, logo após os idos, os dias que faltavam para as calendas do mês seguinte. O dia intercalar, quadrienal, recebia o nome de bis sextus ante kalendas martias, porque era considerado uma duplicação do sexto dia antes das calendas de março. Tal denominação tornou-se imprópria desde que passou a ser o dia 29 de fevereiro.
A Reforma Gregoriana
Em cada grupo de 4 anos julianos, 3 eram compostos de 365 dias e 1 de 366, resultando num ano médio de 365,25 dias (365 x 3 + 366 = 1.461 / 4 = 365,25), o qual era 0,00781 dia maior que o ano trópico (365,242190 dias). Julgando perfeito o calendário juliano, o Concílio de Nicéia (325 A.D.), presidido pelo Imperador Constantino, nele se baseou ao adotar as regras para a determinação do dia da Páscoa Cristã. Ficou decidido que a festa da Páscoa deveria ser celebrada no primeiro Domingo depois da primeira lua cheia que se seguisse ao equinócio da primavera, fixado como o dia 21 de março. No entanto, em razão da diferença entre o calendário juliano e o ano trópico, o equinócio de 21 de março cada vez mais se distanciava do equinócio real, aproximando-se do verão. Em 1.414 A.D., no Concílio de Constança, algumas sugestões foram propostas para se corrigir essa defasagem, visto que ela possuía implicações religiosas: no período compreendido entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa, exigia-se dos cristãos católicos que praticassem a abstinência de carne; visto que a Páscoa era definida em função do equinócio eclesiástico e que este variava em função do equinócio real, estava-se comendo carne num período em que isso era definitivamente proibido. Em 1.582 A.D., quando a diferença já era praticamente de 10 dias (1.582 – 325 = 1.257 x 0,0078 = 9,8046), o Papa Gregório XIII resolveu empreender uma ampla reforma no calendário, a fim de solucionar o problema. As principais medidas adotadas foram as seguintes:
1) Para corrigir o excesso de dias sobre o ano trópico, suprimiram-se 10 dias em 1.582 A.D., passando-se do dia 4 de outubro (Quinta-feira) para o dia 15 (Sexta-feira). Essa alteração em nada afetou o ciclo semanal, já que a Quinta-feira foi normalmente seguida por uma Sexta-feira.
2) Para impedir que a diferença novamente se acumulasse, adotou-se o procedimento de suprimir 3 dias a cada 400 anos, abolindo-se os anos bissextos seculares (isto é, aqueles que marcam os finais de séculos), cujas centenas não fossem divisíveis por 400. Assim, deixaram de ser bissextos os anos de 1.700, 1.800 e 1.900, que o teriam sido, de acordo com o calendário juliano. Ainda assim, o calendário gregoriano possui um excesso de 0,0003 dias em relação ao ano trópico.
Em virtude dessas alterações, o ano civil passou a conter, em média, um total de 365,2425 dias (365,25 x 400 = 146.100 – 3 = 146.097 / 400 = 365,2425).
O Calendário Judaico
A primeira visibilidade da lua nova marcava o início do mês4 , que totalizava 29 ou 30 dias. De acordo com um antigo costume, antes que um novo mês pudesse começar, era necessário que o crescente fosse visto e o fato comunicado a um comitê de sacerdotes. Por isso, observadores oficiais colocavam-se em postos avantajados, por ocasião do pôr-do-sol do vigésimo nono dia, e perscrutavam atentamente o céu do poente. O primeiro crescente não pode ser visto até que o crepúsculo tenha avançado bastante e, muitas vezes, ele se encontra tão próximo ao horizonte que desaparece uns poucos instantes depois de ter sido detectado por olhos treinados. Por isso, se o crescente não pudesse ser observado no entardecer do vigésimo nono dia, o mês em curso deveria prosseguir por mais um dia, perfazendo um total de 30 dias.
Visto que 12 meses de 29 ou 30 dias representam apenas 354 ou 355 dias, cerca de 11 dias a menos que o ano solar, era necessário inserir um décimo terceiro mês a cada 2 ou 3 anos, para que o Festival das Primícias não fosse prejudicado.4
Segundo a Lei Mosaica, “no dia imediato ao Sábado”, durante a celebração da Festa dos Pães Ázimos (a qual se estendia do dia 15 ao dia 21 do primeiro mês), um molho de cereais novos, recentemente colhidos, devia ser agitado por um sacerdote do Templo. Com esse gesto, dava-se início à colheita da cevada. Visto, no entanto, que o amadurecimento dos grãos possui uma estação definida para ocorrer, a defasagem do ano lunar em relação ao Sol poderia provocar o advento do período dos Pães Ázimos sem que houvesse a cevada para ser oferecida. Daí a necessidade da inserção de um mês adicional para corrigir essa diferença. Isso resultava num calendário lunissolar, em que alguns anos possuíam 354 dias e outros, 383 dias.
A inserção periódica de um décimo terceiro mês conduziu ao descobrimento de um ciclo de 19 anos, no decorrer do qual eram realizadas 7 intercalações. Dada a importância da compreensão desse ciclo no entendimento das 70 semanas, serão fornecidos, a seguir, os passos necessários para a construção de uma tabela que o represente matematicamente:
1) Visto que uma lunação possui o valor de 29,530589 dias, um ano lunar de 12 meses totaliza 354,367068 dias.
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2) Esse ano lunar é 10,875122 dias menor que o ano trópico, cujo valor é de 365,242190 dias.
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3) Para corrigir a diferença entre o Sol e a Lua, é necessário acrescentar um décimo terceiro mês, o que eleva o valor do ano para 383,897657 dias, um excesso de 18,655467 dias em relação ao ano trópico.
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4) Esse décimo terceiro mês deve ser inserido sempre que isso fizer diminuir a diferença entre o ciclo solar e o lunar.
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5) No gráfico abaixo, a linha horizontal correspondente ao zero representa o equinócio vernal; as colunas indicam os anos; e cada célula representa um dia. Os valores indicados no gráfico correspondem à diferença entre o Sol e a Lua para cada ano. Obs.: as colunas e as células não estão representadas graficamente para facilitar a visualização.
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6) Para uma melhor compreensão desse gráfico, eis o seguinte exemplo: após um ano de 12 meses lunares (coluna 1), o primeiro dia do primeiro mês subseqüente fica aquém (portanto, o valor é negativo) do equinócio 10,875122 dias. Para o segundo ano do ciclo, há, então, 2 opções: adotando-se um ano de 12 meses, a defasagem aumenta para - 21,750244 dias; no entanto, com um ano de 13 meses, essa diferença cai para + 7,780345 dias. Essa última alternativa deve ser preferida, pois permite que o início do primeiro mês do terceiro ano do ciclo esteja mais próximo do equinócio que a opção anterior (coluna 2). O mesmo raciocínio deve ser seguido na parte restante do gráfico.
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7) Ao final de 19 anos, no decorrer do quais são realizadas 7 intercalações, percebe-se que o ciclo solar e o ciclo lunar novamente se harmonizam, com uma diferença de apenas 2,08332 horas. |
Ciclo
Metônico |
12 ou 13 Meses
(-10,875122 ou +18,655467) |
Diferença entre o
Ciclo Solar e o Lunar. |
1º ano | 12 MESES (-10,875122) | -10,875122 |
2º ano | 13 MESES (+18,655467) | +7,780345 |
3º ano | 12 MESES (-10,875122) | -3,094777 |
4º ano | 12 MESES (-10,875122) | -13,969899 |
5º ano | 13 MESES (+18,655467) | +4,685568 |
6º ano | 12 MESES (-10,875122) | -6,189554 |
7º ano | 13 MESES (+18,655467) | +12,465913 |
8º ano | 12 MESES (-10,875122) | +1,590791 |
9º ano | 12 MESES (-10,875122) | -9,284331 |
10º ano | 13 MESES (+18,655467) | +9,371136 |
11º ano | 12 MESES (-10,875122) | -1,503986 |
12º ano | 12 MESES (-10,875122) | -12,379108 |
13º ano | 13 MESES (+18,655467) | +6,276359 |
14º ano | 12 MESES (-10,875122) | -4,598763 |
15º ano | 13 MESES (+18,655467) | +14,056704 |
16º ano | 12 MESES (-10,875122) | +3,181582 |
17º ano | 12 MESES (-10,875122) | -7,69354 |
18º ano | 13 MESES (+18,655467) | +10,961927 |
19º ano | 12 MESES (-10,875122) | +0,086805 |
Embora, à primeira vista, esse assunto possa parecer excessivamente complexo para alguns leitores, se cada etapa do raciocínio for acompanhado com bastante atenção, o tema se tornará claro e o pesquisador, com toda a certeza, será grandemente abençoado pelas descobertas a serem realizadas.
Os nomes dos meses judaicos, bem como a época em que eles ocorrem, estão dispostos na tabela abaixo:
Nomes dos
Meses Judaicos |
Época Correspondente
no Ano Juliano |
1) Abib-Nisan | Março-Abril |
2) Zif-Iyar | Abril-Maio |
3) Sivan | Maio-Junho |
4) Tammuz | Junho-Julho |
5) Ab | Julho-Agosto |
6) Elul | Agosto-Setembro |
7) Ethanin-Tishri | Setembro-Outubro |
8) Bul-(Mar)Heshvan | Outubro-Novembro |
9) Kislev | Novembro-Dezembro |
10) Tebeth | Dezembro-Janeiro |
11) Shevat | Janeiro-Fevereiro |
12) Adar | Fevereiro-Março |
13) Adar II, Veadar ou Adar Sheni |
O Calendário Babilônico-Persa
À semelhança do calendário judaico, o ano babilônico era lunissolar, consistindo em 12 meses de 29 ou 30 dias cada, totalizando 354 ou 355 dias. Como o ano lunar é aproximadamente 11 dias mais curto que o ano trópico, acrescentava-se um segundo mês Ululu, o sexto mês, ou um segundo mês Addaru, o décimo segundo mês, a cada 2 ou 3 anos. Com o décimo terceiro mês, o ano passava a ter 383 ou 384 dias.
O ciclo de 19 anos é considerado uma descoberta dos povos mesopotâmicos, que, posteriormente passou às monarquias selêucida e arsácida e, por intermédio delas, aos judeus. Por volta de 432 A.C., o astrônomo ateniense Méton organizou esse ciclo, determinando que o terceiro, o sexto, o nono, o décimo primeiro, o décimo quarto, o décimo sétimo e o décimo nono anos fossem constituídos de 13 lunações. Daí surgiu o nome de “Ciclo Metônico”, pelo qual é mais comumente conhecido o ciclo de 19 anos.
Os nomes dos meses babilônicos estão dispostos na tabela a seguir:
1) Nisanu | 7) Tashritu |
2) Aiaru | 8) Arahsamnu |
3) Simanu | 9) Kislimu |
4) Duzu | 10) Tebetu |
5) Abu | 11) Shabatu |
6) Ululu | 12) Addaru |
Uma Palavra de Sabedoria
Sendo que o estudo das 70 semanas conduz o pesquisador sincero para mais perto de Cristo, o qual, segundo as Escrituras, é “a sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24), não é de se surpreender que o salmista tenha associado o cômputo do tempo, o que sem dúvidas diz respeito à compreensão do assunto dos calendários, com “um coração sábio”. Eis as suas palavras: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.” Salmos 90:12. Embora o salmista não tivesse a profecia das 70 semanas em mente quando redigiu essas palavras, não seria forçar muito as Escrituras mediante tal adaptação de seu sentido, pois que assunto seria mais significativo para se adquirir a verdadeira sabedoria do que aquele que possui a faculdade de firmar, com insofismáveis bases científicas, a fé em Cristo e em Sua Palavra?
Que Deus possa abençoar o leitor deste e dos vindouros estudos, concedendo-lhe o privilégio de ser imbuído da verdadeira sabedoria, a qual procede unicamente de Deus!
Bibliografia:
BICKERMAN, E. J., Chronology of the Ancient World, edição revisada, London: Thames and Hudson, 1.980.
BOZCO, Roberto, Conceitos de Astronomia, São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1.984.
DUNCAN, David Ewing, Calendário – A Epopéia da Humanidade para Determinar um Ano Verdadeiro e Exato, tradução de João Domenech, Rio de Janeiro, R.J.: Ediouro Publicações S.A., 1.999.
FINEGAN, Jack, Handbook of Biblical Chronology – Principles of Time Reckoning in the Ancient Time and Problems of Chronology in the Bible, Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1.964.
HORN, Siegfried H. e WOOD, Lynn H., The Chronology of Ezra 7, segunda edição, revisada, Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1.970.
MAXWELL, C. Mervyn, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, tradução de Hélio Luiz Grelmann, 1º edição, Tatuí, S.P.: Casa Publicadora Brasileira, 1.996.
Verbete “Calendário”, Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 5, São Paulo - Rio de Janeiro, Brasil: Encyclopaedia Britannica do Brasil Ltda., 1.982.
PARKER, Richard A. e DUBBERSTEIN, Waldo H., Babylonian Chronology, 626 B.C. - A.D. 75. “Brown University Studies”, vol. 19. Providence, R.I.: Brown University Press, 1.956.
THIELE, Edwing R., The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, Grand Rapids, Mich.: Zondervan Publishing House, 1.983.
Henderson H. L. Velten
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