domingo, 6 de novembro de 2011

Desvendando Daniel 10: Nos bastidores

O capítulo 10 é uma espécie de introdução à quarta grande profecia do livro de Daniel relatada nos capítulos 11 e 12. Esses três capítulos formam uma unidade. Setenta anos se passaram desde que Daniel e seus amigos foram forçados a deixar Jerusalém. Daniel tinha a idade avançada, mas ainda cumpria seus deveres nas cortes daquele governo estrangeiro. Ciro havia emitido um decreto permitindo que os filhos de Israel voltassem e reconstruíssem os muros e o templo de Jerusalém. Daniel não voltou com eles, possivelmente por causa da idade, ou porque sentiu que podia ajudar mais o seu povo usando sua influência na corte suprema do rei da Pérsia. 

Os samaritanos haviam oferecido seus serviços para a reconstrução de Jerusalém. Por causa da sua idolatria, a oferta foi recusada. Como vingança, começaram a fazer oposição à obra de reconstrução, de acordo com a descrição encontrada nos livros de Esdras e Neemias. 

Como resultado da oposição, a obra de reconstrução teve que parar. Era tempo de Páscoa, mas o templo ainda estava em ruínas. Os judeus continuavam como prisioneiros após os 70 anos, por isso Daniel orou por três semanas e jejuou.

Daniel 10:1: "No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome é Beltessazar; a palavra era verdadeira e envolvia grande conflito; ele entendeu a palavra e teve a inteligência da visão."

A nova visão mencionada ocorreu “no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia”. Foi cerca do ano 535 a.C. e “envolvia grande conflito”. A crise devia ser muito grande, pois Daniel sentiu profunda tristeza durante três semanas.

Daniel 10:2: "Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas." 

Daniel 10:3: "Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras." 


Daniel está outra vez de joelhos! Todos os seus problemas eram resolvidos com oração. Como um jovem na corte de Nabucodonosor, ele encontrou a solução para uma situação aparentemente sem esperança por meio da oração. Deus respondeu aquela oração, dando-lhe uma visão do que fora o sonho do rei. 

Quando ameaçado de ir parar na cova dos leões, ele orou três vezes ao dia com as janelas abertas. Deus respondeu sua oração fechando a boca dos leões. Quando preocupado com a profecia de Jeremias sobre a restauração de Jerusalém, ele orou, confessando seus pecados e os do povo. Deus enviou o Seu maior anjo, Gabriel, para responder aquela oração.

Em todos os momentos Daniel buscava ao Senhor. Um exemplo de fé.

Daniel 10:4: "No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre," 

Daniel 10:5: "levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz;" 

Daniel 10:6: "o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente." 

Comparando a visão que Daniel teve com a de João na ilha de Patmos (Ap 1:13-16), é evidente que o Ser glorioso que ele viu às margens do rio Tigre não era outro senão Jesus Cristo, o Filho de Deus. 

Daniel 10:7: "Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam." 

A mesma experiência de Paulo no caminho de Damasco (At 9:7). A visão que Daniel teve foi sobremaneira grandiosa e sobrenatural que os seus companheiros, presentes na ocasião, ficaram tão aterrorizados que fugiram para se esconder. 

Daniel 10:8: "Fiquei, pois, eu só e contemplei esta grande visão, e não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma." 

Daniel 10:9: "Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra." 

O efeito da visão em Daniel foi o mesmo que nos outros mortais a quem fora dado um vislumbre da Divindade. Na ilha de Patmos, João “caiu a seus pés como morto” (Ap 1:17). No Monte da Transfiguração, Pedro, Tiago e João “caíram sobre o seu rosto e tiveram grande medo” (Mt 17:6). 

Daniel 10:10: "Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os meus joelhos e as palmas das minhas mãos." 

Daniel 10:11: "Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às palavras que te vou dizer; levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, eu me pus em pé, tremendo." 

O mesmo privilégio de Daniel, ao ser reconhecido como homem muito amado é estendido a cada um de nós, que temos em Jesus o Salvador e Senhor de nossas vidas.

Daniel 10:12: "Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim." 

Quando Pedro, Tiago e João caíram com temor sobre seus rostos no Monte da Transfiguração, a Bíblia diz: "Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais!" (Mt 17:7). Na ilha de Patmos, quando João viu Jesus e caiu a Seus pés como morto, também ouviu dEle: "Não temas" (Ap 1:17). 

A oração de Daniel foi ouvida desde o momento em que se pôs de joelhos e a pronunciou. Ele não tinha qualquer evidência de que suas orações estavam sendo ouvidas. Mas seguia em súplica em todos os momentos, mantendo, assim, sua fé inabalável. 

Que notícia! Assim também acontece com as nossas orações. Elas são ouvidas imediatamente no Céu. E a partir daí tem início um processo que os próximos versículos nos revelam. 

Nos bastidores 

Temos, agora, uma visão privilegiada do que acontece nos bastidores. Toda oração sincera é ouvida no Céu, muito embora a resposta pareça demorar mais do que podemos compreender. Daniel orou três semanas antes que a resposta viesse, ainda que o anjo lhe tivesse garantido que suas palavras foram ouvidas desde o primeiro dia.

Deus ergueu o véu e mostrou a Daniel as realidades do mundo invisível – o conflito entre as forças do bem e do mal. Na Bíblia, somente em Daniel 10 encontramos uma explicação tão completa quanto ao processo da oração. Esse processo não aconteceu só com Daniel, mas acontece até hoje, toda vez que elevamos nossas orações ao Senhor.

Daniel 10:13: "Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia." 

Daniel 10:14: "Agora, vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias ainda distantes." 

Satanás: o príncipe deste mundo

É fundamental para a compreensão dessa passagem que não percamos de vista o contexto em que essa visão foi dada. Deus queria restabelecer Seu povo em Jerusalém e moveu o coração de Ciro para que emitisse um decreto ordenando a reconstrução do templo. 

É Deus quem “remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2:21). Através de Isaias, cerca de 150 anos antes, Deus já havia profetizado que Ciro favoreceria Israel (Is 44:28; 45:1), a quem Deus escolhera para cumprir o Seu propósito. Enquanto isso, Satanás procurava frustrar o plano divino junto aos reis da Medo-Pérsia. Os vizinhos de Judá estavam tentando influenciar o rei da Pérsia a retirar a sua ajuda e a revogar sua ordem para reconstruir Jerusalém. 

Quando Satanás tentou Jesus, o Salvador disse: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12:31). Satanás é o príncipe deste mundo, assim como, naquele contexto, era o príncipe do reino da Pérsia.

A batalha entre o bem e o mal 

Pelo fato de ele haver se oposto a um anjo de Deus durante três semanas, devemos concluir que se tratava de um anjo mau. 2 Pedro 2:4 fala dos anjos que pecaram e foram expulsos do Céu. Paulo disse que os deuses adorados pelas nações de seu tempo, na realidade, eram demônios (1Co 10:20). Paulo também revelou que nossos verdadeiros inimigos não são pessoas comuns, feitas de “carne e sangue”, mas que, em verdade, são “principados” e “potestades”, as “forças espirituais do mal” e os “dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6:12). Por três vezes Jesus identificou Satanás como “príncipe” (Jo 12:31; 14:30; 16:11). Algumas versões bíblicas apresentam o texto de Daniel 10:13 fazendo referência ao “anjo príncipe do reino da Pérsia”.

Portanto, Satanás estava impedindo que as orações de Daniel fossem respondidas, porque estava influenciando a mente do rei Ciro para não deixar os israelitas voltarem para sua terra. Por isso, Daniel orou e, enquanto ele orava, suas orações subiram a Deus, e no mesmo instante Deus mandou o anjo Gabriel para influenciar a mente de Ciro. 

“Mas o príncipe do reino da Pérsia [Satanás] me resistiu por vinte e um dias.” O que aconteceu foi que Satanás entrou em luta com o anjo Gabriel, para impedir que ele dissipasse a escuridão e a mente de Ciro pudesse ser aberta e o rei da Pérsia tivesse a oportunidade de tomar sua decisão livremente. Gabriel iria afastar todas as influências más que possuíram a mente de Ciro. Mas quando ele começou a fazer isso, Satanás apresentou-se pessoalmente, porque não queria que o povo de Israel voltasse para Jerusalém para adorar o verdadeiro Deus. Neste ponto, travou-se um terrível combate na mente de Ciro. As forças do bem contra as forças do mal; as forças de Cristo enfrentando as forças de Satanás. Essa batalha aconteceu na mente de Ciro, exatamente como acontece em nossa mente. Porém, as orações de Daniel trouxeram ajuda celestial para resolver o problema. 

Satanás continua exercendo grande influência sobre este mundo e sobre a mente de todas as pessoas que permitem serem comandadas por ele. Ele continua fazendo de tudo para atrapalhar os planos de Deus e, muitas vezes, influencia a mente de pessoas que são usadas para atrapalhar a resposta às orações.

Livre-arbítrio 

Deus respeita nossa liberdade de escolha. Ele nunca manipula a vontade. Nunca coage. Daniel orou e suas preces subiram até ao Céu. O Senhor Jesus disse a Gabriel: “Eu respeito a oração de Daniel e sua liberdade de escolha, mas também respeito o livre arbítrio de Ciro.” Por essa razão, nosso Senhor enviou o Espírito Santo para trabalhar na mente de Ciro. Deus pode olhar para Satanás e dizer: “Eu preciso respeitar a liberdade de escolha de Daniel e ele está orando por Ciro. Então irei dobrar Meus anjos e enviarei grandes fontes de força espiritual para abrir a mente do rei.” 

Não há contradição entre a atividade de Deus na História e a liberdade humana. Sua vontade pré-ordenada não anula a liberdade humana. A pessoa é livre para tomar decisões (Js 24:15; 1Rs 18:21). Mas qualquer decisão traz consigo os seus resultados inevitáveis. A pessoa pode escolher servir à vontade divina dentro do curso de eventos determinados por Deus. 

As profecias descrevem o plano universal de Deus para a humanidade e para o Seu povo e, portanto, são incondicionais. Como Senhor soberano da História, Ele a dirige, sem violar a escolha ou o livre-arbítrio humano, em direção a um objetivo em particular, isto é, o estabelecimento do Seu reino eterno na Terra. Em conseqüência, a profecia tem um elemento de determinismo a partir do fato de que o plano de Deus triunfará, apesar de qualquer oposição. 

Os versículos relatam que, embora Satanás e Cristo estivessem trabalhando pela mente do rei persa, nenhum deles podia forçá-lo. O livre-arbítrio humano, embora seja um dos maiores dons que recebemos, custou um preço terrível: a morte de Jesus na cruz. Se não tivéssemos livre-arbítrio, não poderíamos ter pecado; e se não tivéssemos pecado, não teria havido cruz, porque não haveria necessidade dela. Assim, de muitas formas, a cruz é o maior exemplo não só da realidade do livre-arbítrio humano, mas das conseqüências de abusarmos dele. 

O conhecimento divino a respeito daquilo que os homens irão fazer não interfere em suas decisões efetivas, assim como o conhecimento que um historiador possui sobre os atos passados das pessoas não interfere naquilo que elas fizeram. O conhecimento antecipado de Deus penetra no futuro sem alterá-lo. A presciência de Deus jamais viola a liberdade humana. 

A oração abre um novo caminho

Em cada mente existe uma guerra, em cada coração existe uma luta e anjos bons e maus combatem a fim de conquistar a vida espiritual dos filhos de Deus. Mas, quando oramos, abre-se uma avenida para que os anjos bons desçam em maior número para trazer a luz e a verdade. Percebeu? Se Daniel tivesse interrompido suas orações já nos primeiros dias, a batalha estaria perdida. Por isso é importante - vital - nos mantermos sempre em oração, esperando no Senhor as respostas. Elas certamente virão.

Em Daniel 2, Deus respondeu à oração de Daniel concedendo a interpretação do sonho de Nabucodonosor. Em Daniel 6, Deus enviou um anjo para livrá-lo dos leões. Em Daniel 9, Ele enviou a mais exaltada de Suas criaturas, o anjo Gabriel. Agora, em Daniel 10, Deus enviou o Seu próprio Filho.

Deus sempre irá além. Sempre nos dará mais do que aquilo que pedimos. Quando oramos a Deus por nós mesmos ou por terceiros, um processo é desencadeado no céu. O anjo confirmou que todas as orações são ouvidas na hora em que as pronunciamos, e a partir daí são comissionados anjos e meios para que as respostas venham de acordo com o plano de Deus. Mas Satanás, que é o príncipe deste mundo, nos conhece muito bem, sabe exatamente nossas condições, o que nos faz cair, nossas fraquezas, e sempre tentará atrapalhar, juntamente com seus outros anjos caídos, os propósitos de Deus em nossas vidas. 

A boa-nova é que assim como Satanás influencia nossas mentes com seus anjos, Deus, Miguel e os santos anjos também têm essa missão. Ao lado de Miguel, a vitória é certa. 

Quem é Miguel? 

Miguel desceu em auxílio ao anjo Gabriel, liderando todas as tropas celestes, e derrotou Satanás. Quem quer que seja Miguel, conclui-se que ele é mais poderoso do que Satanás. Vamos ver algumas passagens bíblicas para identificá-lo. O nome “Miguel” é mencionado em apenas cinco lugares (Dn 10:13, 21; 12:1; Jd 9; Ap 12:7). Antes de lermos esses textos é bom lembrar um detalhe importante: todas as vezes que o nome Miguel é mencionado, o contexto é de um confronto pessoal com Satanás. O nome Miguel é um nome de guerra. Em Apocalipse 12:7-9, verifica-se que Miguel é suficientemente poderoso, tinha anjos a Seu lado e autoridade para expulsar a Satanás do Céu. Em Judas 9, constatamos que Miguel tinha poder para derrotar Satanás e ressuscitar Moisés. 

No idioma hebraico, o nome Miguel significa uma pergunta: “Quem é igual a Deus?” E quem é o único que é igual a Deus? Claro, só pode ser Jesus Cristo. Devemos ficar felizes ao saber que Aquele que é como Deus pode expulsar Satanás do Céu e da nossa vida. 

O Arcanjo 

A palavra arcanjo significa “comandante e chefe dos anjos”. Uma das funções de Cristo é comandar os anjos, como se pode ver em 1 Tessalonicenses 4:16 e 17. Nessa passagem, é-nos dito que Ele virá com voz de arcanjo. Ele virá comandando os anjos, como alguém superior. O termo grego arch significa superioridade, primazia, proeminência e também o que comanda, que chefia. O fato de que o Arcanjo é o chefe dos anjos não faz dele um ser criado. A Bíblia apresenta apenas um arcanjo, e este é Miguel. 

Por ocasião da segunda vinda, é a voz do Arcanjo que assinala a ressurreição dos mortos, de acordo com 1 Tessalonicenses 4:16. E de acordo com João 5:28 e 29, é a “voz do Filho de Deus” que provoca a ressurreição dos mortos. Daniel 12:1-4 diz que, quando Miguel Se erguer no tempo do fim, “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão”. Miguel, o Arcanjo cuja voz irá despertar os mortos, é Jesus, o Filho de Deus e nosso Salvador. Pelo fato de ser tanto Deus quanto um Anjo (o Mensageiro muito especial enviado à Terra pelo Pai), Ele é inevitavelmente o Chefe dos anjos – o Arcanjo. 

Uma dimensão maior do grande conflito 

O capítulo 10 não se limita ao conflito existente durante o Império Medo-Persa. Possui uma dimensão muito maior, pois o anjo explicou ao profeta que “a visão se refere a dias ainda distantes” e o capítulo 11 continua a mencionar a seqüência do “conflito” no Império Medo-Persa e o seu desenvolvimento até a vinda de Cristo. O assunto em jogo é, na verdade, todo o futuro da humanidade. 

Daniel 10:15: "Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar para a terra e calei." 

Outra vez Daniel ficou abismado, não somente com o poder dos seres celestiais com quem ele estava se comunicando, mas com o impressionante conceito de um conflito cósmico envolvendo longo período de sofrimento para aqueles a quem ele amava. A profecia de 2.300 anos o havia deixado abalado, e agora lhe era dito: “A visão é ainda para muitos dias.” 

Daniel 10:16: "E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; então, passei a falar e disse àquele que estava diante de mim: meu senhor, por causa da visão me sobrevieram dores, e não me ficou força alguma." 

Daniel 10:17: "Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma, nem fôlego ficou em mim." 

Daniel sentiu outra vez o toque celestial, e recuperou a fala. A magnitude da profecia deixou-o sem fôlego. Ele disse: “Por causa da visão me sobrevieram dores.” A que visão ele estava se referindo? 

Daniel 10:18: "Então, me tornou a tocar aquele semelhante a um homem e me fortaleceu;" 

Daniel 10:19: "e disse: Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte, sê forte. Ao falar ele comigo, fiquei fortalecido e disse: fala, meu senhor, pois me fortaleceste." 

Pela terceira vez, Daniel foi chamado de “muito amado”. Em três ocasiões Daniel quase sucumbiu ante a glória divina. Três vezes foi encorajado. Por alguns momentos até deixou de respirar. Por fim, foi “fortalecido” pela palavra de Deus. 

Daniel 10:20: "E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia."

Daniel 10:21: "Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe." 

Aqui, o anjo está falando sobre outro conflito entre ele e o “príncipe da Pérsia”. Vemos em Esdras 4:4-24 que essa luta continuou por muito tempo, depois da visão.

Nos capítulos 2, 7 e 8 de Daniel foi predito que o domínio do mundo pelos gregos seria o próximo grande marco profético. Isso agora é reiterado.

“Ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles”

O anjo que está falando com Daniel anuncia que ele e Miguel assumem toda a responsabilidade sobre as coisas deste mundo. Assim, se pudermos dizer como o anjo que somente Miguel está ao nosso lado nesta batalha, que apenas olhos espirituais podem ver, é como dizer que estamos do lado mais poderoso e certamente vitorioso. 

O fato de sabermos que Miguel é Jesus nos faz relembrar que o foco principal das profecias de Daniel não é Antíoco Epifânio e nem o anticristo. O foco repousa sempre sobre Jesus Cristo. Jesus é a pedra fundamental de Daniel 2. Ele é o Filho do homem que vem sobre as nuvens em Daniel 7. Ele é o Messias e Príncipe que foi cortado na profecia das setenta semanas, e que não obstante faz com que Seu concerto prevaleça.

Satanás também dirige o seu exército de anjos caídos (Ap 12:7) e “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pd 5:8). Cada cristão deveria ser um Daniel e orar regular e sistematicamente para que Jesus (Miguel) envie os Seus anjos para lutar com os demônios que diariamente tentam manter o controle da nossa mente e do lar em que vivemos. 

Uma vez que as “hostes espirituais da maldade” tentam nos controlar, Paulo insiste em que todos os cristãos se revistam da “armadura de Deus” (Ef 6:12-18). Ele acrescenta, no verso 18: “vigiando com toda perseverança.” Os anjos de Satanás são decididos e teimosos. Um deles resistiu a Gabriel durante três semanas. Não fosse a constante oração de Daniel e teria sido derrotado. Em meio a provações e lutas, devemos elevar nossas orações a Miguel que, estando ao nosso lado, vencerá qualquer batalha.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador "Daniel")


Fonte: www.criacionismo.com.br

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