8.1 - Introdução
Como ficou demonstrado no estudo anterior, tanto 458 A.C. quanto 457 A.C. são datas possíveis para a viagem de Esdras. Os dados documentais disponíveis atualmente (escritores clássicos, tabletes babilônicos e papiros judaicos de Elefantina) não são suficientes para a eliminação de uma dessas 2 alternativas.
De qualquer forma, esse quadro já é bastante positivo, pois permite apenas 2 arranjos de datas para o esquema cronológico de Daniel 8 e 9: começando o cálculo profético em 458 A.C., o batismo de Jesus é fixado no ano 26 A.D., Sua morte cai no ano 30 A.D. e o início da purificação do Santuário Celestial ocorre no ano de 1.843 A.D.; por outro lado, tomando 457 A.C. para o início dos mesmos períodos proféticos, o batismo de Jesus vai para o ano 27 A.D., Sua morte ocorre no ano 31 A.D. e a purificação do Santuário Celestial tem início em 1.844 A.D..
Sendo possível estabelecer ao menos uma dessas outras datas do esquema profético de Daniel (27 A.D., 31 A.D. ou 1.844 A.D.) por algum método de pesquisa confiável, a dúvida existente em torno de qual dos 2 arranjos corresponde à verdade histórica será eliminada. De todas essas datas, a da morte de Jesus é a que reúne o maior e melhor conjunto de dados disponíveis para sua localização. O objetivo deste estudo é determinar, através da Bíblia, da História e da Astronomia, a data exata da crucifixão de Jesus.
Algumas informações disponíveis em estudos anteriores serão de grande relevância agora. Por isso, seria aconselhável que o leitor reexaminasse alguns tópicos de estudos passados antes de ler o conteúdo desta presente lição. São eles:
3.11 - Referências Astronômicas. (Em especial, o tópico intitulado “Coordenadas Astronômicas.”)
4.10 - O Calendário Judaico.
5.9 - O Período Juliano.
8.2 - Dados Cronológicos do Novo Testamento sobre a Vida, Obra e Morte de Jesus
De fato, determinar a data correta da morte de Jesus garantiria a exatidão de todas as outras datas da profecia de Daniel 8 e 9. Como já foi dito no estudo anterior, a própria dúvida em torno do sétimo ano de Artaxerxes seria desfeita, pois bastaria retroceder 486,5 anos (as 69,5 semanas de Daniel 9:25 e 27) desde a data da morte de Jesus até o ano do retorno de Esdras. Isso excluiria uma das 2 possibilidades (458 A.C. ou 457 A.C.), resolvendo todo o problema.
Com razão escreveu certo comentarista que “o meio da semana que aponta o tempo do sacrifício sobre a cruz” “é ‘...como um prego no lugar firme,’ (Isaías 22:23) ao qual está amarrada toda estrutura cronológica na profecia e que também justifica a data de 1844. Remova-se ou mude-se essa data e não haverá uma âncora para o sistema cronológico culminando em 1844” (Andreasen, M. L., Letters to the Churches, p. 39, Leaves-of-Autumn Books.
As linhas a seguir constituem um resumo das informações cronológicas do Novo Testamento acerca do nascimento, ministério e morte de Jesus, algumas das quais são particularmente importantes para a localização do ano da crucifixão:
1) Jesus nasceu no governo do imperador César Augusto (Lucas 2:1-7);
2) Jesus nasceu na época do primeiro recenseamento geral da população do Império (Lucas 2:1-7);
3) Jesus nasceu durante a administração de Quirino, governador da Síria (Lucas 2:1-7);
4) Jesus nasceu no governo do rei Herodes (Mateus 2:1);
5) Jesus começou Seu ministério público com cerca de 30 anos (Lucas 3:23);
6) Jesus começou e terminou Seu ministério durante a administração de Pôncio Pilatos, governador da Judéia (Lucas 3:1 e 21-23; e 23:1-7 e 13-25).
7) Na primeira Páscoa do ministério de Jesus, menção é feita dos 46 anos de reconstrução do Templo (João 2:20);
8) O Evangelho de João menciona explicitamente 3 Páscoas em conexão com o ministério de Jesus (João 2:13 e 23; 6:4; 11:55; 12:1; e 13:1);
9) Jesus morreu no décimo-quinto dia do primeiro mês (Marcos 14:12 e 17);
10) Jesus morreu numa Sexta-feira (Lucas 23:54-56).
Algumas informações cronológicas concernentes ao nascimento e obra de João Batista também são de alguma importância neste estudo:
1) Isabel concebeu João depois que seu marido, Zacarias, que era sacerdote do turno de Abias, havia oficiado no Templo (Lucas 1:5, 8-10, 23 e 24);
2) Maria concebeu Jesus quando Isabel já estava em seu sexto mês de gravidez (Lucas 1:24, 26, 27, 36, 39-42, 56 e 57);
3) João Batista começou seu ministério público no décimo-quinto ano de Tibério César (Lucas 3:1);
4) João Batista exerceu todo o seu ministério público durante a administração de Pôncio Pilatos, governador da Judéia (Lucas 3:1 e 9:7-9);
5) João Batista começou e terminou seu ministério público durante a administração de Herodes, tetrarca da Galiléia (Lucas 3:1 e 18-20; e 9:7-9);
6) João Batista começou seu ministério público durante a administração de Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites (Lucas 3:1);
7) João Batista começou seu ministério público durante a administração de Lisânias, tetrarca de Abilene (Lucas 3:1);
8) João Batista começou seu ministério público durante os pontificados de Anás e Caifás (Lucas 3:1 e 2).
8.3 - O Governo de Pôncio Pilatos
Todos os anos do ministério de João Batista e do ministério de Jesus estão inseridos no governo de Pôncio Pilatos (Lucas 3:1, 2, 21 e 22; 23:1-7; e 13-25). É, pois, deveras importante fixar os limites de sua administração.
Em Antigüidades Judaicas, o historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, revela que Pilatos governou a Judéia por 10 anos. Ao término desse período, ele foi enviado a Roma para se justificar perante Tibério dos maus tratos infligidos aos samaritanos; antes, porém, de chegar até lá, o imperador havia morrido. Transcreve-se, a seguir, o trecho da narrativa de Josefo: “Mas, quando esse tumulto foi acalmado, o senado samaritano enviou uma embaixada a Vitélio, o qual tinha sido cônsul, e que era agora o governador da Síria, e acusou Pilatos de assassinato; pois eles não foram a Tirathaba a fim de se revoltar contra os romanos, mas para escapar da violência de Pilatos. Então, Vitélio enviou Marcelo, um amigo seu, para cuidar dos negócios da Judéia, e ordenou que Pilatos fosse a Roma, para responder perante o imperador pela acusação dos judeus. Assim, Pilatos, quando tinha completado dez anos na Judéia, apressou-se para Roma, e isso em obediência às ordens de Vitélio, que ele não ousou contradizer; mas antes que pudesse chegar a Roma, Tibério havia morrido.” (Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, livro 18, capítulo 4, artigo 2, em The Works of Josephus, Complete and Unabridged, p. 482).
Suetônio, outro historiador do primeiro século, fornece a data exata da morte de Tibério: “... morreu... com setenta e oito anos de idade e vinte e três de reinado, aos dezessete dias antes das calendas de abril, sob o consulado de Cnéio Acerrônio Próculo e de Caio Pôncio Nigrino.” (A Vida dos Doze Césares, p. 130, Editora Tecnoprint S.A.). Pela listagem de E. J. Bickerman, em Chronology of the Ancient World, Cnéio Acerrônio Próculo e Caio Pôncio Nigrino exerceram seu consulado em 37 A.D.. O décimo sétimo dia antes das calendas de abril é o dia 16 de março. Portanto, a morte de Tibério ocorreu em 16 de março de 37 A.D.. Levando em consideração a distância existente entre Jerusalém e Roma e que Tibério já havia morrido quando Pilatos chegou à cidade imperial, o término de seu governo pode ser situado no final de 36 A.D. ou começo de 37 A.D.. Como ele esteve à frente dos negócios da Judéia por 10 anos, o início de sua administração pode ser fixado no final de 26 A.D.
Portanto, o ano da morte de Jesus deve ser procurado na faixa que se estende de 26 A.D. a 36 A.D..
8.4 - O Período do Ministério de Jesus
A tradição cristã ensina que a obra de pregação pública de Jesus durou 3 anos e meio. O evangelista João menciona ao menos 3 Páscoas em conexão com o ministério de Cristo:
“Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém... Estando Ele em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que Ele fazia, creram no Seu nome.” João 2:13 e 23.
“Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima.” João 6:4.
“Estava próxima a Páscoa dos judeus; e muitos daquela região subiram para Jerusalém antes da Páscoa, para se purificarem... Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos... Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.” João 11:55; 12:1; e 13:1. Ver também João 18:28 e 39.
Talvez a “festa dos judeus” mencionada em João 5:1 também seja uma alusão à Páscoa, mas disso não há evidência definitiva. De qualquer forma, a profecia de Daniel 9:25-27, fixando a morte do Ungido no meio da septuagésima semana, já estabelecia que a duração do ministério de Jesus seria de 3 anos e meio e outras informações exaradas do Novo Testamento corroboram esse entendimento.
São, portanto, 4 as Páscoas relacionadas ao ministério de Jesus, sendo a última a de Sua crucifixão. Dessa forma, na determinação do ano da morte de Cristo, excluem-se as possibilidades dos anos 27, 28 e 29. O ano 26 não deve ser contado porque Pilatos só chegou à Judéia no final do ano, não abrangendo, pois, nenhuma das Páscoas do ministério do Redentor.
A incerteza repousa, portanto, sobre os anos 30 e 31. A seguir, serão apresentadas as informações que permitem a eliminação dessa dúvida.
8.5 - Sexta-feira = 15 de Nisan: Data da Crucifixão de Cristo
A despeito da tentativa de alguns teólogos em colocar a morte de Jesus na Quarta-feira e Sua ressurreição no Sábado, os evangelistas não deixam nenhuma margem de dúvida quanto a ter sido a Sexta-feira o dia de Sua morte e o primeiro dia da semana, o de Sua ressurreição.
Lucas, particularmente, teve a preocupação de relatar os acontecimentos em sua perfeita ordem (Lucas 1:1-4) e, ao narrar os eventos da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, assim se expressou: “Era o dia da preparação, e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento. Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado.” Lucas 23:54-24:1. Uma leitura atenciosa de Mateus 26-28, Marcos 14-16, Lucas 22-24 e João 13-20 permite ordenar os acontecimentos do seguinte modo:
1) Quinta-feira: os discípulos preparam a ceia pascal. Depois do pôr-do-sol, já nas horas da Sexta-feira bíblica, Jesus e os discípulos se reúnem para comer a páscoa. Nessa mesma noite, eles se dirigem ao horto de Getsêmani, onde Jesus é preso.
2) Sexta-feira: durante a madrugada, Jesus é levado perante Anás, Caifás e o Sinédrio. De manhã, Ele é conduzido perante Pilatos e Herodes. Depois de ser julgado pelo governador romano, Jesus é crucificado, vindo a morrer por volta das 3 horas da tarde. A seguir, Seu corpo é sepultado.
3) Sábado: Jesus permanece no sepulcro.
4) Domingo: entre o fim da madrugada e o início da manhã, Jesus ressuscita.
A Bíblia também indica o dia do mês em que Jesus foi morto. Conforme o relato dos Evangelhos Sinóticos, os discípulos prepararam a ceia no próprio dia em que o cordeiro pascal era sacrificado (Mateus 26:17-19; Marcos 14:12-16; e Lucas 22:7-13). Isso, consoante a Lei Mosaica, ocorria no décimo-quarto dia do primeiro mês (Nisan). Ver Êxodo 12:6 e Levítico 23:5. Portanto, a Quinta-feira da semana da crucifixão foi o dia 14 de Nisan; e a Sexta-feira, o dia 15.
Destarte, deve ser considerado o ano da morte de Cristo o que admitir a conjugação de uma Sexta-feira com um 15 de Nisan. Para verificar em que dia da semana caiu essa data nos anos 30 e 31, é necessário averiguar quando ocorreu o início do primeiro mês.
O início do mês judaico dependia da observação do primeiro crescente lunar, que, por sua vez, está vinculado a certos fatores, denominados “condições de visibilidade”.
8.6 - Condições de Visibilidade do Primeiro Crescente
Os principais fatores que determinam a visibilidade do primeiro crescente são a diferença azimutal entre o Sol e a Lua e a altitude da Lua.
Esses 2 fatores combinados funcionam como as retas x e y de um plano cartesiano. Se o que dificulta a visibilidade do primeiro crescente é a luz do Sol, quanto mais a Lua estiver afastada desse astro, mais fácil será visualizá-la no céu.
O azimute é a distância em graus, medida sobre o plano do horizonte, entre um corpo celeste e o ponto cardeal norte. A diferença azimutal entre o Sol e a Lua é a medida da separação existente entre esses 2 corpos na esfera celeste. Quanto maior a diferença azimutal, mais afastados estarão o Sol e a Lua entre si. Por comparação, a diferença azimutal corresponde à reta das abscissas (valor de x) no plano cartesiano.
A altitude é a distância em graus entre o corpo celeste e a linha do horizonte. Como o primeiro crescente é visto ao pôr-do-sol, quanto mais afastada a Lua estiver do horizonte, mais viável será sua observação. Por comparação, a altitude da Lua corresponde à reta das ordenadas (valor de y) no plano cartesiano.
O recorde de observação do primeiro crescente pertence a Roberto Victor. Em 1.989, ele conseguiu observar a Lua com apenas 7 graus de altitude. Victor, no entanto, sendo um observador experiente, já havia calculado todas as variáveis anteriormente, tornando mais fácil a localização do crescente lunar. Além disso, sua observação não foi realizada a olho nu e, sim, com o auxílio de um binóculo. Os sacerdotes, em Jerusalém, responsáveis pela observação da lua nova, não contavam com as mesmas condições. Portanto, a Lua com a qual eles costumavam iniciar o mês era bem mais alta.
Nas edições de agosto de 1.971, setembro de 1.989 e julho de 1.994, a respeitada revista de Astronomia Sky & Telescope publicou certos gráficos que permitiam avaliar a visibilidade da Lua a partir de sua altitude e da diferença azimutal em relação ao Sol. O gráfico abaixo é o da edição de setembro de 1.989.
Cada círculo fechado representa um crescente lunar que pôde ser visto e cada círculo aberto indica uma lua nova que foi procurada, mas não foi vista. A linha no meio do gráfico procura dividir, aproximadamente, os casos que foram bem sucedidos dos que não o foram.
Além dos fatores mencionados acima, também interferem na visibilidade do primeiro crescente a inclinação da eclíptica, as variações de velocidade da Lua no transcurso de sua órbita, a altitude do observador e as condições climáticas do céu ao entardecer.
8.7 - O Programa Redshift 2
Atualmente, os dados astronômicos podem ser obtidos e avaliados com considerável facilidade devido a modernos programas de Astronomia. Muitos deles podem ser obtidos gratuitamente através da Internet; outros podem ser adquiridos junto a empresas especializadas.
Um dos melhores softwares de Astronomia já produzidos é o Redshift, da Maris Multimedia Ltd. Já foram lançadas 4 versões desse programa. A adotada por esta série de estudos é a versão 2.0.
O Redshift 2 está baseado na teoria orbital D.E. 102, fornecida pelo Jet Propulsion Laboratory dos Estados Unidos. Seu elevado grau de precisão pode ser averiguado mediante uma comparação entre os valores fornecidos pelo Redshift 2 e pelo site da Nasa. Embora o site do Jet Propulsion Laboratory já esteja operando com a D.E. 406, a última palavra em teoria orbital, as diferenças entre seus dados matemáticos e os do Redshift 2 são praticamente insignificantes para os propósitos deste estudo.
8.8 - Jerusalém – Local de Observação
Conforme a Legislação Mosaica, a Festividade da Páscoa devia ser celebrada na cidade que Deus escolhesse para fazer habitar o Seu nome: “Então, sacrificarás como oferta de Páscoa ao SENHOR, teu Deus, do rebanho e do gado, no lugar que o SENHOR escolher para ali fazer habitar o Seu nome.” “Não poderás sacrificar a Páscoa em nenhuma das tuas cidades que te dá o SENHOR, teu Deus, senão no lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher para fazer habitar o Seu nome, ali sacrificarás a Páscoa à tarde, ao pôr-do-sol, ao tempo em que saíste do Egito.” Deuteronômio 16:2, 5 e 6. Segundo as próprias Escrituras, esse lugar especial escolhido por Deus foi a cidade de Jerusalém: “Desde o dia em que Eu tirei o Meu povo da terra do Egito, não escolhi cidade alguma de todas as tribos de Israel, para edificar uma casa a fim de ali estabelecer o Meu nome; nem escolhi homem algum para chefe do Meu povo de Israel. Mas escolhi Jerusalém para que ali seja estabelecido o Meu nome e escolhi a Davi para chefe do Meu povo de Israel.” 2 Crônicas 6:5 e 6. Portanto, as informações astronômicas relevantes para a determinação do dia da morte de Jesus devem ser coletadas a partir de Jerusalém. As coordenadas geográficas indicadas pelo RedShift 2 para essa cidade são: 31º 47’ N e 35º 13’ L. Sua altitude é de, aproximadamente, 800 metros acima do nível do mar.
8.9 - Babylonian Chronology e The Chronology of Ezra 7
A localização da data exata da crucifixão, bem como dos outros pontos do esquema profético de Daniel 8 e 9, exige a conjugação de dados e recursos astronômicos com informações dos antigos calendários babilônico e judaico.
A obra básica utilizada por cronologistas e historiadores do mundo inteiro para as datas do Calendário Babilônico é Babylonian Chronology, de Richard A. Parker e Waldo H. Dubberstein, cuja primeira edição, abrangendo o período de 626 A.C. a 45 A.D., foi publicada em 1.942, pela Princeton University, e a segunda, cobrindo o período de 626 A.C. a 75 A.D., em 1.956, pela Brown University.
A primeira parte de Babylonian Chronology traz um catálogo das fontes cuneiformes que permitem localizar [1] o início e o fim dos reinados dos governantes babilônicos e persas, começando com Nabopolassar, e [2] os anos em que há evidência da inserção do mês intercalar. Nessa primeira parte, são listados textos cuneiformes cujas informações astronômicas relacionadas a datas do Calendário Babilônico sejam historicamente relevantes. A segunda parte da obra traz uma extensa tabela que busca reconstruir, a partir dos dados disponíveis, o Calendário Babilônico entre o fim do sexto sétimo século A.C. e o fim do primeiro século da Era Cristã.
Parte dos textos babilônicos listados em Babylonian Chronology pode ser encontrada em Astronomical Diaries and Related Texts from Babylon, de Abraham J. Sachs (Volume 1, Diaries from 652 B.C. to 262 B.C., Wien, 1.988).
Outra obra de fundamental importância para os propósitos desta série de estudos é The Chronology of Ezra 7, de Lynn H. Wood e Siegfried H. Horn, publicada pela Review and Herald, em 1.953 (primeira edição) e 1.970 (segunda edição). Trata diretamente do Calendário Judaico, especialmente o período de Esdras e Neemias. Além de discutir a questão concernente à data correta da viagem de Esdras, provê também uma lista dos papiros mais relevantes para a reconstrução do Calendário Judaico do quinto século A.C., encontrados no sítio de uma antiga colônia judia na ilha de Elefantina (Egito).
8.9 - Babylonian Chronology e The Chronology of Ezra 7
A localização da data exata da crucifixão, bem como dos outros pontos do esquema profético de Daniel 8 e 9, exige a conjugação de dados e recursos astronômicos com informações dos antigos calendários babilônico e judaico.
A obra básica utilizada por cronologistas e historiadores do mundo inteiro para as datas do Calendário Babilônico é Babylonian Chronology, de Richard A. Parker e Waldo H. Dubberstein, cuja primeira edição, abrangendo o período de 626 A.C. a 45 A.D., foi publicada em 1.942, pela Princeton University, e a segunda, cobrindo o período de 626 A.C. a 75 A.D., em 1.956, pela Brown University.
A primeira parte de Babylonian Chronology traz um catálogo das fontes cuneiformes que permitem localizar [1] o início e o fim dos reinados dos governantes babilônicos e persas, começando com Nabopolassar, e [2] os anos em que há evidência da inserção do mês intercalar. Nessa primeira parte, são listados textos cuneiformes cujas informações astronômicas relacionadas a datas do Calendário Babilônico sejam historicamente relevantes. A segunda parte da obra traz uma extensa tabela que busca reconstruir, a partir dos dados disponíveis, o Calendário Babilônico entre o fim do sexto sétimo século A.C. e o fim do primeiro século da Era Cristã.
Parte dos textos babilônicos listados em Babylonian Chronology pode ser encontrada em Astronomical Diaries and Related Texts from Babylon, de Abraham J. Sachs (Volume 1, Diaries from 652 B.C. to 262 B.C., Wien, 1.988).
Outra obra de fundamental importância para os propósitos desta série de estudos é The Chronology of Ezra 7, de Lynn H. Wood e Siegfried H. Horn, publicada pela Review and Herald, em 1.953 (primeira edição) e 1.970 (segunda edição). Trata diretamente do Calendário Judaico, especialmente o período de Esdras e Neemias. Além de discutir a questão concernente à data correta da viagem de Esdras, provê também uma lista dos papiros mais relevantes para a reconstrução do Calendário Judaico do quinto século A.C., encontrados no sítio de uma antiga colônia judia na ilha de Elefantina (Egito).
8.10 - Descartando o Ano 30 A.D.
Babylonian Chronology adota o pôr-do-sol de 24 de março para o início do mês de Nisan no ano 30 A.D..
As imagens abaixo, extraídas do programa Redshift 2, mostram que, naquela ocasião, o azimute do Sol era de 271º 18’ 49” e o da Lua, de 264º 52’ 41”, sendo a diferença azimutal, portanto, de 6º 66’ 8”. A altitude da Lua era de 18º 37’ 19”. No gráfico da revista Sky & Telescope, essa Lua está representada pelo ponto vermelho.
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Assumindo a data de 24/25 de março do ano 30 A.D. para o primeiro de Nisan, o dia 15 teria caído em 7/8 de abril (de pôr-do-sol a pôr-do-sol).
Como pode ser demonstrado através da imagem extraída de um outro programa de Astronomia (Sky View Café), o dia 8 de abril do ano 30 caiu num Sábado, o que não preenche o quadro cronológico fornecido pelo Novo Testamento: Sexta-feira = 15 de Nisan. Isso descarta o ano 30 como uma das possibilidades para a data da morte de Jesus, restando apenas a possibilidade do ano 31.
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8.11 - 31 A.D. – O Ano da Morte de Jesus
Para o ano 31 A.D., a obra Babylonian Chronology propõe o pôr-do-sol de 11 de abril para o início do primeiro mês. No entanto, quando os dados astronômicos são cuidadosamente observados, percebe-se que, ao pôr-do-sol do dia 11, a Lua estava muito baixa para ser detectada a olho nu.
Como pode ser comprovado pelas imagens do programa Redshift 2, o azimute do Sol era de 279º 16’ 31” e o da Lua, de 276º 6’ 54”, sendo a diferença azimutal, portanto, de 3º 9’ 37”. A altitude da Lua era de 11º 28’ 47”. Quando esses valores são aplicados ao gráfico da revista Sky & Telescope, fica evidente que a Lua estava abaixo do limite de visibilidade (ponto vermelho).
Não é de admirar que a data proposta por Parker e Dubberstein para o início do primeiro mês judaico não seja a mais favorável, pois, à p. 25 de Babylonian Chronology, eles admitem “que um certo número de datas” em suas tabelas “podem estar erradas por um dia”.
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Adotando o pôr-do-sol do dia seguinte, o crescente é perfeitamente visível. O azimute do Sol era de 279º 45’ 56” e o da Lua, de 275º 35’ 5”, sendo a diferença azimutal, portanto, de 4º 10’ 51”. A altitude da Lua era de 22º 38’ 52”.
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Definindo 12/13 de abril do ano 31 A.D. como o primeiro dia do primeiro mês, o dia 15 de Nisan cai em 26/27 de abril (de pôr-do-sol a pôr-do-sol).
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Como pode ser demonstrado através da imagem do programa Sky View Café, o dia 27 de abril caiu numa Sexta-feira, o que preenche perfeitamente o quadro cronológico dado pelo Novo Testamento: Sexta-feira = 15 de Nisan. Com isso, o ano 31 A.D. fica astronomicamente confirmado como a data da morte de Jesus.
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8.12 - O Ponto Exato do Meio da Última Semana
Embora a cruz represente o momento final do sistema de sacrifícios do Antigo Testamento, matematicamente a profecia aponta para a noite do dia 26 de abril como o meio da septuagésima semana. O raciocínio que conduz a essa conclusão é sobremodo simples.
Logo após o pôr-do-sol da Quinta-feira, Jesus comeu a última Páscoa com Seus discípulos. Isso demonstra que o sistema cerimonial ainda estava em vigor; doutra sorte, Jesus estaria participando de uma celebração cuja validade já havia cessado. Portanto, o meio da última semana deve estar situado em algum ponto entre o pôr-do-sol da Quinta-feira e as 3 horas da tarde de Sexta-feira, quando Jesus expirou sobre a Cruz do Calvário e o véu do Santuário se rompeu de alto a baixo.
Como ficou demonstrado no estudo 6, as 69,5 semanas deveriam começar às 15:00 horas do Dia da Expiação para que o período pudesse atingir o dia da morte de Jesus, o décimo-quinto dia do primeiro mês. Isso projeta o fim do período para as 22 horas e 56 minutos do dia 26 de abril, que pode ser considerado o meio da septuagésima semana. Na escala juliana, esse momento corresponde ao valor 1.732.496,3720.
8.13 - Confirmando 457 A.C.
Tomando as 22 horas e 56 minutos do dia 26 de abril do ano 31 A.D. como o meio da septuagésima semana da profecia de Daniel, basta retroceder 177.690,3254 dias (correspondentes às 69,5 semanas ou 486,5 anos) para localizar o início do período. Subtraindo 1.732.496,3720 por 177.690,3254, obtêm-se 1.554.806,0466. Quando esse valor é fornecido ao programa Redshift 2, a tela apresenta o céu do dia 29 de outubro de 457 A.C., às 15:00 horas.
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Diante disso, basta apenas confirmar se 28/29 de outubro foi realmente um Dia da Expiação. Para tanto, seria necessário que o pôr-do-sol do dia 19 de outubro tivesse marcado o início do sétimo mês.
Nessa ocasião, o azimute do Sol era de 260º 35’ 42” e o da Lua, de 248º 6’ 49”, sendo a diferença azimutal, portanto, de 12º 28’ 53”. A altitude da Lua era de 11º 51’ 43”. Embora esses valores, quando projetados sobre o gráfico da revista Sky & Telescope, coloquem a Lua praticamente em cima do limite de visibilidade, pode-se afirmar que as condições permitiam que o primeiro crescente fosse visto. Parker e Dubberstein também adotaram o pôr-do-sol desse dia para o início de Nisan, embora tenham aplicado ao mês uma posição diferente na ordem dos meses do ano.
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8.14 - O Momento da “Saída da Ordem”
O cálculo retroativo das 69,5 semanas proféticas, desde a morte de Cristo na primavera de 31 A.D., conduz ao outono de 457 A.C., que deve, portanto, ser considerado o ponto de partida dos períodos proféticos de Daniel 8:14 e 9:24-27.
A “purificação do santuário”, evento predito para o término das 2.300 tardes e manhãs e que obrigatoriamente ocorria no décimo dia do sétimo mês, também aponta para o outono como o tempo em que aqueles períodos deviam começar.
Mas aqui surge um problema:
1) Sabe-se que a viagem de Esdras se estendeu do primeiro dia do primeiro mês (Nisan) ao primeiro dia do quinto mês (Ab), abrangendo toda a primavera e metade do verão de 457 A.C.;
2) É evidente que Esdras só poderia ter saído de Babilônia depois que o decreto fosse expedido, pois a viagem só se fez possível porque Artaxerxes a autorizou (Esdras 7:13-16, 27 e 28);
3) Isso indica que o decreto foi assinado antes do mês de Nisan, embora a data específica não seja mencionada nas Escrituras;
4) Mas, se o decreto foi expedido antes da primavera de 457 A.C., qual a razão de as 70 semanas, e conseqüentemente as 2.300 tardes e manhãs, começarem no outono, pelo menos 6 meses mais tarde?
Como se verá adiante, uma análise mais criteriosa dos procedimentos requeridos para que uma lei entre em vigor ajudará a compreender por que a “saída da ordem” é computada desde o
outono de 457 A.C. e não a partir do momento em que Artaxerxes assinou o decreto.
8.15 - Aspectos Jurídicos Relevantes
Pela dogmática jurídica moderna, um projeto de lei passa por 4 estágios diferentes antes de ser convertida em lei, quais sejam: [1] a aprovação; [2] a sanção; [3] a promulgação; e [4] a publicação.
Ao aprovar um projeto de lei, o legislador manifesta sua vontade política de transformar aquilo que era apenas uma simples proposta em um novo estatuto legal.
A sanção só existe naqueles sistemas políticos em que um Poder aprova a lei e outro a promulga, podendo ser conceituada como o ato pelo qual o Poder que tem a função de promulgar a lei também manifesta sua concordância com o projeto.
A promulgação é o ato pelo qual se reconhece a existência da lei e se determina sua observância. É por esse ato que a lei é incorporada ao sistema jurídico, revestindo-se de imperatividade, qualidade de que se reveste a vontade emanada do Estado no sentido de ser obrigatória para todos os súditos ou cidadãos, podendo sua violação acarretar algum tipo de punição.
A publicação é o ato pelo qual o conteúdo da lei é divulgado aos seus destinatários – em geral, o povo. A publicação é feita por meio de pregão ou em instrumento próprio, que pode ser um jornal oficial ou de grande circulação.
Nas monarquias de outrora, em que o poder repousava sobre uma única pessoa, algumas dessas figuras jurídicas eram inexistentes, tais como a aprovação e a sanção. Bastava que o rei ordenasse sua vontade, por instrumento próprio, que se dizia ter sido decretada uma lei. Nesses casos, fala-se apenas em [1] outorga e [2] publicação da lei.
O termo “outorga” é reservado para sistemas não democráticos, em que a lei é derivada da vontade de um só (monarquia) ou de alguns poucos líderes (aristocracia), sem que estes tenham sido escolhidos pelo povo, ao passo que “promulgação” é o vocábulo empregado naqueles sistemas políticos em que o povo é representado numa Assembléia ou Congresso Nacional.
Geralmente o tempo de vigência de uma lei só começa a ser contado a partir de sua publicação, embora ela já tivesse sido incorporada ao sistema jurídico desde o ato de promulgação. É que a lei é feita para aqueles a quem ela se dirige, seus destinatários finais; antes que eles tomem conhecimento do novo preceito legal, considera-se como se este não existisse. Por esse motivo, numa mera ficção jurídica, é da prática legislativa fixar o início da vigência da nova lei a partir de sua publicação, exceto quando se determina um prazo ou dia específico para que ela entre em vigor. Naquele caso, é como se o próprio ato da promulgação só viesse a ocorrer por ocasião da publicação da lei. Considera-se, por assim dizer, que a lei só “foi dada” no momento de sua publicação.
Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que a “saída da ordem” só se efetivou quando os destinatários do decreto foram oficialmente comunicados de seu conteúdo. Mas, quem eram os destinatários do decreto de Artaxerxes? E qual seu real conteúdo?
8.16 - O Conteúdo do Decreto
Em síntese, o decreto estipulava:
1) O retorno de Esdras e israelitas que estivessem dispostos a empreender a jornada (Esdras 7:13);
2) A realização de uma pesquisa da situação religiosa da Judéia (Esdras 7:14);
3) O transporte das dádivas de ouro e de prata que o rei, os seus conselheiros, os solidários (não-judeus) à causa de Israel, os sacerdotes e os próprios compatriotas de Esdras tinham ofertado para o serviço do Templo (Esdras 7:15 e 16);
4) O uso dessas dádivas para a manutenção do cerimonial do Templo (Esdras 7:17 e 18);
5) O transporte de utensílios sagrados para Jerusalém (Esdras 7:19);
6) O financiamento real das atividades que Esdras fora autorizado a realizar no Templo (Esdras 7:20-23);
7) A isenção de impostos para os sacerdotes, os levitas e demais servidores do Templo (Esdras 7:24);
8) A nomeação por Esdras de magistrados para julgar a população judia nos termos da Lei Mosaica (Esdras 7:25); e
9) A autorização para Esdras aplicar as penas de morte, desterro, confiscação de bens e prisão (Esdras 7:26).
O teor do decreto evidentemente abrangia não somente a ornamentação do Templo (Esdras 7:27), mas também a reparação das muralhas de Jerusalém (Esdras 9:9).
8.17 - A Publicação do Decreto
O decreto de Ciro entrou em vigor quase que instantaneamente, pois era dirigido aos judeus que estavam em Babilônia. Visto que os destinatários finais desse decreto evidentemente tomaram conhecimento de seu conteúdo ainda em Babilônia, o lapso de tempo entre a outorga e a publicação parece ter sido mínimo. De qualquer forma, só se pode dizer que o decreto “foi dado” quando se “fez passar pregão” por todo o reino (Esdras 1:1), dando publicidade ao decreto.
O mesmo não se pode dizer do decreto de Dario. A consulta que Tatenai fez a Dario, a respeito da legalidade da reconstrução do Templo, foi efetuada por meio de carta.
Possivelmente, a resposta também foi enviada pelo correio (comparar com Ester 3:12-15; e 8:8-14). Somente depois que a carta chegou às mãos de Tatenai, a quem o edito se dirigia, pode ser dito que o decreto entrou em vigor.
O caso do decreto de Artaxerxes apresenta maior complexidade, pois apesar de Esdras ter recebido a ordem em Babilônia e algumas de suas estipulações serem referentes à própria viagem (itens 1, 3 e 5), o que pressupõe que o decreto já estivesse em vigor quando da saída de Esdras, algumas outras estipulações só poderiam ser cumpridas em Jerusalém (itens 2, 4 e 6-9), tornando possível a hipótese de que a vigência de parte do decreto tenha ficado suspensa até que Esdras e sua comitiva lá chegaram.
Mais precisamente, a fim de se averiguar o tempo da publicação do decreto e conseqüentemente do início de sua vigência, o que se precisa determinar são seus destinatários finais.
1) Além de Esdras, os destinatários do item 1 (verso 13) são os israelitas que viviam em Babilônia, aqueles que não tinham regressado com Zorobabel, por ocasião do decreto de Ciro. É óbvio que esses tomaram conhecimento do edito antes do mês de Nisan em 457 A.C., pois doutra sorte não teria sido possível a Esdras sair de Babilônia no primeiro dia do primeiro mês com o grupo que ele reuniu para o acompanhou em sua jornada a Jerusalém;
2) O principal destinatário dos itens 1-5, 8 e 9 (versos 14-19, 25 e 26) é o próprio Esdras, que logicamente também tomou ciência do decreto antes do mês de Nisan em 457 A.C.;
3) Mas, os destinatários dos itens 6 e 7 (versos 20-24) são os tesoureiros do rei, os quais só puderam tomar conhecimento do decreto depois que Esdras chegou da Babilônia; e
4) Além disso, os próprios israelitas que já estavam na Judéia podem ser incluídos entre os destinatários do decreto, pois, a partir da vinda de Esdras, a legislação mosaica passaria a ser aplicada na comunidade judaica da região (versos 25 e 26), o que exigiria que eles fossem comunicados acerca da nova situação jurídica.
Tendo em vista que Esdras e seus compatriotas tomaram conhecimento do decreto ainda em Babilônia, pode-se dizer que parte dele, aquela que mais diretamente lhes dizia respeito, passou
a vigorar imediatamente. Mas, os tesoureiros do rei só foram notificados depois da chegada de Esdras: “Chegamos a Jerusalém, e repousamos ali três dias. No quarto dia pesamos na casa do nosso Deus a prata, o ouro, os objetos e os entregamos a Meremote, filho do sacerdote Urias; com ele estava Eleazar, filho de Finéias, e com eles Jozabade, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui, levitas; tudo foi contado e pesado e o peso total imediatamente registrado. Os exilados que vieram do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel, doze novilhos por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros, e como oferta pelo pecado doze bodes; tudo em holocausto ao Senhor. Então deram as ordens do rei aos sátrapas e aos governadores deste lado do Eufrates; e estes ajudaram o povo na reconstrução da casa de Deus.” (Esdras 8:32-36).
Esdras chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês (Esdras 7:8 e 9), descansou por 3 dias (Esdras 8:32) e no quarto procedeu a pesagem do ouro, da prata e dos demais objetos (Esdras 8:33). Depois disso, a próxima informação cronológica só ocorre em Esdras 10:7-9, que fala de uma convocação a todos os judeus, para que se reunissem em Jerusalém no prazo de 3 dias. Estes se ajuntaram na praça do Templo no dia 20 do nono mês (verso 9), o que coloca a convocação no dia 18. Conclui-se daí que o decreto de Artaxerxes foi entregue “aos sátrapas e aos governadores deste lado do Eufrates” em algum momento entre o dia 4 do mês 5 (Ab) e o dia 18 do mês 9 (Kislev). O Dia da Expiação, em 10 de Tishri, está evidentemente situado nesse intervalo. Não há, portanto, qualquer arbitrariedade em posicionar o marco inicial das 70 semanas e das 2.300 tardes e manhãs no Dia da Expiação.
Ademais, se é razoável inferir de Esdras 7:25 e 26 que os judeus residentes na Palestina também eram destinatários do decreto, então há de se convir que o sétimo mês era a melhor época do ano para informá-los de que a legislação mosaica passaria a vigorar com efeitos civis.
No sétimo mês, celebravam-se 3 importantíssimas festas dos judeus (Trombetas, Expiação e Tabernáculos), sendo uma das 3 vezes do ano em que todo o povo devia se congregar em Jerusalém. Tanto Esdras quanto Neemias registram ocasiões em que o povo se ajuntou “como um só homem” em Jerusalém (Esdras 3:1; e Neemias 8:1) e ambas no sétimo mês. Seria perfeitamente apropriado que Esdras aproveitasse o evento do Dia da Expiação para comunicar à multidão reunida a nova situação jurídica de sua comunidade, na qual a Lei Judaica mais uma vez seria aplicada além do âmbito religioso.
É evidente que, antes da chegada de Esdras, a aplicação das penas elencadas no versículo 26 não seria possível. A menção do nome de "Esdras" no verso 25 indica que nem o sumo sacerdote nem qualquer dos líderes locais estavam autorizados a se antecipar e executar tais medidas por si mesmos, o que revela que a vigência dessa parte do decreto ficou suspensa até que Esdras chegasse à região.
Assim, embora se possa afirmar que parte do decreto já estivesse em vigor desde antes da saída de Esdras da Babilônia, havia uma parte que só passou a vigorar depois que ele chegou a Jerusalém e notificou os sátrapas, os governadores e o povo judeu, de tal forma que só então o decreto alcançou efetividade plena.
A “purificação do santuário”, evento predito para o término das 2.300 tardes e manhãs e que obrigatoriamente ocorria no décimo dia do sétimo mês, também aponta para o outono como o tempo em que aqueles períodos deviam começar.
Mas aqui surge um problema:
1) Sabe-se que a viagem de Esdras se estendeu do primeiro dia do primeiro mês (Nisan) ao primeiro dia do quinto mês (Ab), abrangendo toda a primavera e metade do verão de 457 A.C.;
2) É evidente que Esdras só poderia ter saído de Babilônia depois que o decreto fosse expedido, pois a viagem só se fez possível porque Artaxerxes a autorizou (Esdras 7:13-16, 27 e 28);
3) Isso indica que o decreto foi assinado antes do mês de Nisan, embora a data específica não seja mencionada nas Escrituras;
4) Mas, se o decreto foi expedido antes da primavera de 457 A.C., qual a razão de as 70 semanas, e conseqüentemente as 2.300 tardes e manhãs, começarem no outono, pelo menos 6 meses mais tarde?
Como se verá adiante, uma análise mais criteriosa dos procedimentos requeridos para que uma lei entre em vigor ajudará a compreender por que a “saída da ordem” é computada desde o
outono de 457 A.C. e não a partir do momento em que Artaxerxes assinou o decreto.
8.15 - Aspectos Jurídicos Relevantes
Pela dogmática jurídica moderna, um projeto de lei passa por 4 estágios diferentes antes de ser convertida em lei, quais sejam: [1] a aprovação; [2] a sanção; [3] a promulgação; e [4] a publicação.
Ao aprovar um projeto de lei, o legislador manifesta sua vontade política de transformar aquilo que era apenas uma simples proposta em um novo estatuto legal.
A sanção só existe naqueles sistemas políticos em que um Poder aprova a lei e outro a promulga, podendo ser conceituada como o ato pelo qual o Poder que tem a função de promulgar a lei também manifesta sua concordância com o projeto.
A promulgação é o ato pelo qual se reconhece a existência da lei e se determina sua observância. É por esse ato que a lei é incorporada ao sistema jurídico, revestindo-se de imperatividade, qualidade de que se reveste a vontade emanada do Estado no sentido de ser obrigatória para todos os súditos ou cidadãos, podendo sua violação acarretar algum tipo de punição.
A publicação é o ato pelo qual o conteúdo da lei é divulgado aos seus destinatários – em geral, o povo. A publicação é feita por meio de pregão ou em instrumento próprio, que pode ser um jornal oficial ou de grande circulação.
Nas monarquias de outrora, em que o poder repousava sobre uma única pessoa, algumas dessas figuras jurídicas eram inexistentes, tais como a aprovação e a sanção. Bastava que o rei ordenasse sua vontade, por instrumento próprio, que se dizia ter sido decretada uma lei. Nesses casos, fala-se apenas em [1] outorga e [2] publicação da lei.
O termo “outorga” é reservado para sistemas não democráticos, em que a lei é derivada da vontade de um só (monarquia) ou de alguns poucos líderes (aristocracia), sem que estes tenham sido escolhidos pelo povo, ao passo que “promulgação” é o vocábulo empregado naqueles sistemas políticos em que o povo é representado numa Assembléia ou Congresso Nacional.
Geralmente o tempo de vigência de uma lei só começa a ser contado a partir de sua publicação, embora ela já tivesse sido incorporada ao sistema jurídico desde o ato de promulgação. É que a lei é feita para aqueles a quem ela se dirige, seus destinatários finais; antes que eles tomem conhecimento do novo preceito legal, considera-se como se este não existisse. Por esse motivo, numa mera ficção jurídica, é da prática legislativa fixar o início da vigência da nova lei a partir de sua publicação, exceto quando se determina um prazo ou dia específico para que ela entre em vigor. Naquele caso, é como se o próprio ato da promulgação só viesse a ocorrer por ocasião da publicação da lei. Considera-se, por assim dizer, que a lei só “foi dada” no momento de sua publicação.
Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que a “saída da ordem” só se efetivou quando os destinatários do decreto foram oficialmente comunicados de seu conteúdo. Mas, quem eram os destinatários do decreto de Artaxerxes? E qual seu real conteúdo?
8.16 - O Conteúdo do Decreto
Em síntese, o decreto estipulava:
1) O retorno de Esdras e israelitas que estivessem dispostos a empreender a jornada (Esdras 7:13);
2) A realização de uma pesquisa da situação religiosa da Judéia (Esdras 7:14);
3) O transporte das dádivas de ouro e de prata que o rei, os seus conselheiros, os solidários (não-judeus) à causa de Israel, os sacerdotes e os próprios compatriotas de Esdras tinham ofertado para o serviço do Templo (Esdras 7:15 e 16);
4) O uso dessas dádivas para a manutenção do cerimonial do Templo (Esdras 7:17 e 18);
5) O transporte de utensílios sagrados para Jerusalém (Esdras 7:19);
6) O financiamento real das atividades que Esdras fora autorizado a realizar no Templo (Esdras 7:20-23);
7) A isenção de impostos para os sacerdotes, os levitas e demais servidores do Templo (Esdras 7:24);
8) A nomeação por Esdras de magistrados para julgar a população judia nos termos da Lei Mosaica (Esdras 7:25); e
9) A autorização para Esdras aplicar as penas de morte, desterro, confiscação de bens e prisão (Esdras 7:26).
O teor do decreto evidentemente abrangia não somente a ornamentação do Templo (Esdras 7:27), mas também a reparação das muralhas de Jerusalém (Esdras 9:9).
8.17 - A Publicação do Decreto
O decreto de Ciro entrou em vigor quase que instantaneamente, pois era dirigido aos judeus que estavam em Babilônia. Visto que os destinatários finais desse decreto evidentemente tomaram conhecimento de seu conteúdo ainda em Babilônia, o lapso de tempo entre a outorga e a publicação parece ter sido mínimo. De qualquer forma, só se pode dizer que o decreto “foi dado” quando se “fez passar pregão” por todo o reino (Esdras 1:1), dando publicidade ao decreto.
O mesmo não se pode dizer do decreto de Dario. A consulta que Tatenai fez a Dario, a respeito da legalidade da reconstrução do Templo, foi efetuada por meio de carta.
Possivelmente, a resposta também foi enviada pelo correio (comparar com Ester 3:12-15; e 8:8-14). Somente depois que a carta chegou às mãos de Tatenai, a quem o edito se dirigia, pode ser dito que o decreto entrou em vigor.
O caso do decreto de Artaxerxes apresenta maior complexidade, pois apesar de Esdras ter recebido a ordem em Babilônia e algumas de suas estipulações serem referentes à própria viagem (itens 1, 3 e 5), o que pressupõe que o decreto já estivesse em vigor quando da saída de Esdras, algumas outras estipulações só poderiam ser cumpridas em Jerusalém (itens 2, 4 e 6-9), tornando possível a hipótese de que a vigência de parte do decreto tenha ficado suspensa até que Esdras e sua comitiva lá chegaram.
Mais precisamente, a fim de se averiguar o tempo da publicação do decreto e conseqüentemente do início de sua vigência, o que se precisa determinar são seus destinatários finais.
1) Além de Esdras, os destinatários do item 1 (verso 13) são os israelitas que viviam em Babilônia, aqueles que não tinham regressado com Zorobabel, por ocasião do decreto de Ciro. É óbvio que esses tomaram conhecimento do edito antes do mês de Nisan em 457 A.C., pois doutra sorte não teria sido possível a Esdras sair de Babilônia no primeiro dia do primeiro mês com o grupo que ele reuniu para o acompanhou em sua jornada a Jerusalém;
2) O principal destinatário dos itens 1-5, 8 e 9 (versos 14-19, 25 e 26) é o próprio Esdras, que logicamente também tomou ciência do decreto antes do mês de Nisan em 457 A.C.;
3) Mas, os destinatários dos itens 6 e 7 (versos 20-24) são os tesoureiros do rei, os quais só puderam tomar conhecimento do decreto depois que Esdras chegou da Babilônia; e
4) Além disso, os próprios israelitas que já estavam na Judéia podem ser incluídos entre os destinatários do decreto, pois, a partir da vinda de Esdras, a legislação mosaica passaria a ser aplicada na comunidade judaica da região (versos 25 e 26), o que exigiria que eles fossem comunicados acerca da nova situação jurídica.
Tendo em vista que Esdras e seus compatriotas tomaram conhecimento do decreto ainda em Babilônia, pode-se dizer que parte dele, aquela que mais diretamente lhes dizia respeito, passou
a vigorar imediatamente. Mas, os tesoureiros do rei só foram notificados depois da chegada de Esdras: “Chegamos a Jerusalém, e repousamos ali três dias. No quarto dia pesamos na casa do nosso Deus a prata, o ouro, os objetos e os entregamos a Meremote, filho do sacerdote Urias; com ele estava Eleazar, filho de Finéias, e com eles Jozabade, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui, levitas; tudo foi contado e pesado e o peso total imediatamente registrado. Os exilados que vieram do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel, doze novilhos por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros, e como oferta pelo pecado doze bodes; tudo em holocausto ao Senhor. Então deram as ordens do rei aos sátrapas e aos governadores deste lado do Eufrates; e estes ajudaram o povo na reconstrução da casa de Deus.” (Esdras 8:32-36).
Esdras chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês (Esdras 7:8 e 9), descansou por 3 dias (Esdras 8:32) e no quarto procedeu a pesagem do ouro, da prata e dos demais objetos (Esdras 8:33). Depois disso, a próxima informação cronológica só ocorre em Esdras 10:7-9, que fala de uma convocação a todos os judeus, para que se reunissem em Jerusalém no prazo de 3 dias. Estes se ajuntaram na praça do Templo no dia 20 do nono mês (verso 9), o que coloca a convocação no dia 18. Conclui-se daí que o decreto de Artaxerxes foi entregue “aos sátrapas e aos governadores deste lado do Eufrates” em algum momento entre o dia 4 do mês 5 (Ab) e o dia 18 do mês 9 (Kislev). O Dia da Expiação, em 10 de Tishri, está evidentemente situado nesse intervalo. Não há, portanto, qualquer arbitrariedade em posicionar o marco inicial das 70 semanas e das 2.300 tardes e manhãs no Dia da Expiação.
Ademais, se é razoável inferir de Esdras 7:25 e 26 que os judeus residentes na Palestina também eram destinatários do decreto, então há de se convir que o sétimo mês era a melhor época do ano para informá-los de que a legislação mosaica passaria a vigorar com efeitos civis.
No sétimo mês, celebravam-se 3 importantíssimas festas dos judeus (Trombetas, Expiação e Tabernáculos), sendo uma das 3 vezes do ano em que todo o povo devia se congregar em Jerusalém. Tanto Esdras quanto Neemias registram ocasiões em que o povo se ajuntou “como um só homem” em Jerusalém (Esdras 3:1; e Neemias 8:1) e ambas no sétimo mês. Seria perfeitamente apropriado que Esdras aproveitasse o evento do Dia da Expiação para comunicar à multidão reunida a nova situação jurídica de sua comunidade, na qual a Lei Judaica mais uma vez seria aplicada além do âmbito religioso.
É evidente que, antes da chegada de Esdras, a aplicação das penas elencadas no versículo 26 não seria possível. A menção do nome de "Esdras" no verso 25 indica que nem o sumo sacerdote nem qualquer dos líderes locais estavam autorizados a se antecipar e executar tais medidas por si mesmos, o que revela que a vigência dessa parte do decreto ficou suspensa até que Esdras chegasse à região.
Assim, embora se possa afirmar que parte do decreto já estivesse em vigor desde antes da saída de Esdras da Babilônia, havia uma parte que só passou a vigorar depois que ele chegou a Jerusalém e notificou os sátrapas, os governadores e o povo judeu, de tal forma que só então o decreto alcançou efetividade plena.
8.18 - Confirmando 1844 A.D.
Tomando as 15:00 horas do dia 29 de outubro de 457 A.C. como o ponto de partida dos períodos proféticos e caminhando 840.057,06 dias (correspondentes aos 2.300 anos), chega-se às 16 horas e 26 minutos do dia 23 de outubro de 1.844 A.D..
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Visto que as 2.300 tardes e manhãs precisam terminar num Dia da Expiação, faz-se necessário avaliar se o dia 22/23 de outubro poderia ter sido o décimo dia do sétimo mês naquele ano. Para tanto, o mês de Tishri deveria ter começado ao pôr-do-sol do dia 13 de outubro.
Nessa ocasião, o azimute do Sol era de 261º 4’ 57” e o da Lua, de 241º 11’ 40”, sendo a diferença azimutal, portanto, de 19º 53’ 17”. A altitude da Lua era de 9º 47’ 00”. Embora a Lua não estivesse a uma grande altitude, sua distância em relação ao Sol era considerável, permitindo sua visibilidade.
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A tarde do dia 23 de outubro (16 h 26 min) constitui o término do período profético em Jerusalém. Esse mesmo momento, em Boston, com 7 fusos horários de diferença em relação à capital israelense, corresponde às 9 horas da manhã.
Em meados do século 19, o mundo foi abalado pela pregação do Juízo Vindouro. O Movimento Millerita (cujo nome derivava de seu fundador: William Miller) foi o principal arauto dessa mensagem, ao proclamar o glorioso regresso de Jesus para a data de 22/23 de outubro de 1.844. Quando o 22 de outubro passou sem a concretização da promessa do segundo advento, o amargo desapontamento se abateu sobre a comunidade de crentes. No entanto, na manhã do dia 23, nova luz raiou sobre os milleritas. Aproximadamente no mesmo horário indicado pelo cálculo profético para o término das 2.300 tardes e manhãs, Hiran Edson, fazendeiro do Estado de New York, ao caminhar pelo milharal de sua propriedade, disse ter contemplado os céus se abrindo e Jesus Se deslocando para o Lugar Santíssimo do Santuário Celestial. Foi, então, que Edson percebeu que o evento profetizado para o fim dos 2.300 dias não era o do regresso do Senhor, mas o do início do serviço tipificado pelo Dia da Expiação: a purificação do Santuário. Acabava, pois, de se cumprir a cena descrita em Daniel 7:13: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu Um como o Filho do Homem, e dirigiu-Se ao Ancião de Dias, e O fizeram chegar até Ele.”.
8:19 - Conclusão
A morte de Jesus foi realmente um acontecimento ímpar na História do Universo, pois o próprio “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19). Pelo presente estudo, o leitor pôde vislumbrar um pouco mais da importância desse evento, ao descobrir que a data da crucifixão de Cristo é qual uma âncora que firma todo o esquema cronológico de Daniel.
A comprovação dessa data pela História e pela Astronomia dá a certeza da veracidade da profecia bíblica, da realidade do plano de salvação e do Juízo que ora se realiza no Santuário Celestial.
O próximo estudo tratará da problemática em torno do dia do mês judaico em que Jesus foi morto. Enquanto esta série de estudos defende, com firme respaldo bíblico, o dia 15 de Nisan, outros comentaristas afirmam ter Cristo morrido no dia 14.
Que a benção de Deus possa repousar sobre o leitor deste e dos outros estudos para “compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que” seja tomado “de toda a plenitude de Deus.” Efésios 3:18 e 19.
Bibliografia:
ANDREASEN, M. L., Letters to the Churches, Payson, Arizona: Leaves-of-Autumn Books.
BICKERMAN, E. J., Chronology of the Ancient World, edição revisada, London: Thames and Hudson, 1.980.
FLAVIUS JOSEPHUS, The Works of Josephus, Complete and Unabridged, nova edição atualizada, tradução de William Whiston, A.M., Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, Inc., 1.987.
PARKER, Richard A. e DUBBERSTEIN, Waldo H., Babylonian Chronology, 626 B.C. - A.D. 75. “Brown University Studies”, vol. 19. Providence, R.I.: Brown University Press, 1.956.
SUETÔNIO, A Vida dos Doze Césares, tradução de Sady-Garibaldi, Rio de Janeiro, R.J.: Editora Tecnoprint, S.A..
Henderson H. L. Velten
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