A cola da alma
O Sétimo Mandamento
Não adulterarás Êxodo 20:14
Não sei qual seria o relógio mais bonito do mundo na opinião dos
especialistas, mas em minha mente não tenho dúvidas a esse respeito. Seria o
relógio que sempre andou no bolso inferior esquerdo do colete do meu avô. Feito
de ouro, tinha uma abertura com dobradiças na parte de trás e, de vez em
quando, o vovô o abria para me deixar ver o pequeno mecanismo que se movia para
trás e para frente, para trás e para frente, a cada avanço do ponteiro dos segundos.
Outras rodinhas minúsculas moviam o suporte de diamante ao lado da mola-mestra
à qual o vovô dava corda todas as noites antes de ir para a cama.
O relógio tinha tanto que ver com o meu avô que parecia impossível imaginá-lo
sem ele.
Certa vez, quando eu tinha seis anos de idade, nossa família passou um
fim de semana com o vovô e a vovó. No domingo de manhã, acordei cedo. Mamãe e
papai ainda dormiam, mas ouvi um suave murmúrio de vozes vindo da cozinha, de
modo que saí e vi meus avós comendo mingau de aveia com molho quente de maçã e
creme por cima. Depois de um abraço de bom-dia, colocaram uma tigela sobre a
mesa para mim, e comi junto com eles. O colete do vovô estava desabotoado, mas
a corrente do relógio estava visível, como sempre, saindo da presilha que a
segurava e desaparecendo no bolso do colete.
Com os cotovelos sobre a mesa e o queixo nas mãos, olhei para o rosto
do idoso homem e expressei uma idéia que havia acabado de brotar na minha mente:
– Vovô, posso ficar com o seu relógio quando você morrer?
Não me lembro se os olhos azuis dele piscaram naquele momento, como
faziam com freqüência. Mas sua resposta ainda ecoa na minha memória.
– Sim – disse ele. – Quando eu morrer, o relógio será seu.
Um senso de reverência me dominou e fiquei indescritivelmente emocionado.
Acho que nem sequer terminei o desjejum antes de sair de mansinho e contar a
maravilhosa notícia para mamãe. Para meu espanto, ela ficou horrorizada.
– Você não pediu isso de verdade, pediu?
Encolhendo-me para trás, balancei a cabeça sem falar nada. A alegria daquele
momento se evaporou instantaneamente. O tom de voz da minha mãe deixou claro
que eu havia feito algo realmente terrível.
– Não vê que isso dá a entender que você está desejando que ele morra para
poder ficar com o relógio? – explicou ela.
Fiquei envergonhado e, naturalmente, nunca mais mencionei o relógio ao
vovô. Mas ele não se esqueceu. Dois anos mais tarde, justamente antes de
morrer, ele disse à minha mãe:
– Lembre-se, Zola, meu relógio vai ficar com o Loron.
Depois que ele se foi, mamãe me mostrou o relógio e então o guardou numa
pequena caixa preta na prateleira superior do armário. Enquanto os anos
passavam, ela me deixava tirá-lo de vez em quando para lustrá-lo e dar-lhe
corda antes de pô-lo de volta no lugar. Era sempre uma alegria vê-lo e recordar
o amor que representava, bem como as lindas lembranças do vovô.
Um dia, quando eu tinha 14 anos, em vez de guardar novamente o relógio,
coloquei-o no bolso e disse à mamãe:
– Agora já tenho idade suficiente para cuidar dele.
Depois de um silêncio um tanto prolongado, ela respondeu:
– Não acho que seja uma boa idéia, mas você pode decidir.
Na manhã seguinte, o relógio do vovô foi balançando para a escola no
bolso dianteiro da minha calça jeans. Durante a primeira metade da manhã, era
impressionante a freqüência com que eu precisava olhar as horas. Nada se
igualava ao fato de eu ser o único garoto na sala a ter um relógio de ouro.
Notei que outros alunos olhavam na minha direção de tempos em tempos, e achei
que talvez iriam se juntar em torno de mim na hora do recreio para admirar
aquele notável relógio. Mas, como sempre, quando a sineta tocou, a classe
inteira disparou na direção da porta e os meninos pegaram suas luvas de
beisebol enquanto corriam.
Eu havia me esquecido de que, ao suspendermos o jogo na sexta-feira,
seria a vez da nossa equipe participar. Demorou uns 35 segundos até que todos
se colocassem nos seus lugares e gritassem: “OK, o jogo vai começar!”
Bonell Stevens deu o início. Depois Larry Fields deu uma bastonada que
o colocou em segundo e depois disso foi a minha vez. Minha reputação como o rei
das rebatidas ficou seriamente prejudicada quando mandei a bola para o campo de
trás no primeiro arremesso. No momento em que Glenn Hansen a apanhou e jogou
para seu irmão Calvin, que estava na primeira base, eu o havia ultrapassado e
não estava longe da segunda. Dei um mergulho heróico, deslizando pelo resto do
trajeto, e consegui tocar a base um décimo de segundo antes que a bola se encaixasse
na luva de Dal Cornforth.
Puxa! Aquilo foi adrenalina pura! Todos gritavam ao mesmo tempo.
Foi um dos momentos mais inesquecíveis da vida, especialmente para alguém
com a minha fama. Coloquei-me de pé, três centímetros mais alto que antes, e
comecei a sacudir a poeira. Nesse momento, minha mão encontrou algo duro,
achatado e redondo no bolso direito da minha calça jeans. Ali estava o
“objeto”, mas por alguma razão parecia estranhamente deformado.
Ai, não! Não podia ser verdade! Mas era. Ainda estremeço ao recordar
aquele momento terrível.
Entendi, então, que eu era o garoto absolutamente mais estúpido do mundo.
Aos 14 anos, eu não sabia muito acerca do valor de um relógio de ouro de bolso,
mas sabia o quanto amava meu avô, que o havia confiado a mim. E descobri que,
no espaço de poucos segundos, você pode fazer algo que passará anos – quem sabe
o resto da vida – lamentando.
É disso que trata o sétimo mandamento. É sobre quebrar algo frágil, precioso
e muito, muito difícil – às vezes impossível – de consertar.
Algumas pessoas, naturalmente, discordariam. Pouco tempo atrás, uma
atriz se exibia num programa popular de Tv. Começou alegremente a citar nomes,
enquanto regalava o auditório com detalhes do seu irrequieto estilo de vida.
Antes de eu encontrar o controle remoto, ela deve ter mencionado pelo menos
meia dúzia de pessoas famosas com quem alegava ter ido para a cama.
Para aqueles que partilham esse ponto de vista, este é um bravo mundo
novo, e seus cidadãos dizem que ocorreu uma “revolução” e uma grande
“liberação”, abrindo as portas para uma liberdade e alegria sem limites.
Mas eles estão errados – e não porque alguém tenha inventado um decreto
para estragar sua diversão. Estão errados porque o sétimo mandamento expressa
uma lei fundamental da vida, um princípio gravado profundamente no nosso
coração e na nossa mente. Baseia-se na maneira como somos programados, e não
podemos romper isso sem violar algo profundo lá dentro.
Uma das mais famosas passagens na Bíblia nos ajuda a entender por que
isso é assim. Digo “famosas” porque até pessoas que nunca abriram a Bíblia na
vida já ouviram a respeito de Gênesis
2:22 e 23. Infelizmente, às vezes, a passagem é usada no contexto de uma
piada. Mas, se deixarmos isso de lado por um momento e tratarmos o texto com o
respeito que merece, descobriremos que ele tem um significado profundo. Diz:
“Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu;
tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o
Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe” (Gênesis 2:21 e 22).
As primeiras palavras de Adão, que ele pronunciou quando viu aquela
linda criatura caminhando na sua direção, mostram que ele entendera o que havia
acontecido. Com profunda emoção, Adão exclamou:
“Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”(verso 23).
É claro que a alegria de Adão refletia o início de seu relacionamento sexual,
porque o registro acrescenta imediatamente:
“Por isso [por esta razão; porque a mulher foi tomada do corpo do homem;
porque ela é osso dos seus ossos e carne da sua carne], deixa o homem pai e mãe
e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”(verso 24).
O fato de uma vez mais se tornarem uma só carne está relacionado com o
fato de terem originalmente sido uma só carne. É desígnio de Deus que, através
da relação sexual, a carne se una à carne e o espírito ao espírito.
Um termo bem conhecido na psicologia popular descreve o conceito
ensinado em Gênesis 2:22-24: “Identificação”.
“Identificar-se” com alguém envolve mais do que alimentar essa pessoa ou cuidar
dela. Significa que, de algum modo misterioso, chegamos a partilhar sua identidade,
como se de alguma forma fôssemos essa pessoa. Por meio da identificação,
podemos ver o mundo através dos olhos dela, entender sua alegria e sua dor. Essa
força poderosa está em ação quando choramos no fim de um filme triste. Nossas
lágrimas fluem porque o ator fez com que nos identificássemos com a personagem
na tela, de modo que a sua perda se tornasse a nossa.
Quando Adão viu aquela formosa criatura que se aproximava, teve um
senso profundo de identificação lá no íntimo. Ela era parte dele, pois havia se
originado de seu próprio corpo. Essa é a razão do incrível impacto que tal
experiência produziu nele, levando-o a exclamar: “Esta, afinal, é osso dos meus
ossos e carne da minha carne”! Então, o que seria mais maravilhoso e natural
para Adão do que segurá-la nos braços, sentir o corpo dela junto ao seu e
partilhar com ela o intenso prazer que, segundo o desígnio de Deus, devia
acompanhar esse alegre encontro?
Deus planejou e criou a união sexual para que fosse um poderoso instrumento
de identificação e união. Dizendo com outras palavras, o sexo é o “superbonder”
da alma.
Isso não é meramente uma teoria agradável ou uma idéia carinhosa. A
ciência descobriu uma química poderosa que o corpo libera durante o sexo. Esses
elementos químicos intensificam a ligação do casal. Um hormônio chamado
oxitocina atua diretamente no cérebro para fortalecer nossa relação e
identificação, e seu fluxo aumenta durante a relação sexual. Isso significa que
Deus planejou o aspecto físico do ato sexual como parte da intimidade total do
coração e da mente, que é o casamento.
O apóstolo Paulo também fala da função unificadora do sexo e diz que ela
opera inclusive quando podemos nem ter essa intenção. Isso quer dizer que, ao
contrário do que alguns poderiam desejar ou crer, não é realmente possível fazer
sexo e ir embora na crença de que nada aconteceu.
“Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo
com ela?”, pergunta Paulo. “Porque, como se diz, serão os dois uma só carne” (1 Coríntios 6:16). Você pode sair da
cama, vestir-se e ir embora, mas alguma coisa aconteceu. Ocorreu uma ligação e
você está levando algo consigo. Você esteve tecendo uma teia que o enreda e
que, de um jeito ou de outro, voltará para assombrá-lo.
Jesus também Se referiu à função vinculadora da intimidade física. “Não
tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que
disse:
Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher,
tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma
só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:4-6).
Assim como Paulo, Jesus está dizendo que o relacionamento sexual é uma agência
divinamente designada para tornar forte e permanente a união de duas vidas. É o
meio que o Céu usa para cimentar dois corações, e eles não poderão depois disso
ser separados sem grave dano a ambos.
Sexo Seguro
Uma das expressões usadas por aqueles que promovem a revolução sexual é
“sexo seguro”. O termo tem levado milhões de pessoas a crer que existe mesmo
segurança num estilo de vida libertino. Refere-se à idéia de que os
preservativos podem evitar doenças. Sem dúvida, eles ajudam nesse sentido;
contudo, a proteção que oferecem reduz, mas não elimina o risco. Além do mais,
esse mito repousa sobre a idéia de que a doença é a única conseqüência
indesejável de tal comportamento.
Porém, os resultados da quebra do sétimo mandamento são multifacetados
e de longa duração.
Faz parte desse mesmo mito a idéia de que “você precisa testar um carro
antes de comprá-lo”. Parece lógico, não é? Morar juntos ou coabitar parece uma
forma livre de riscos para verificar a compatibilidade.
Deveria ser um excelente método de chegar a um casamento perfeito.
O estranho é que as estatísticas mostram que acontece o contrário:
Casais que começam seu casamento dessa maneira têm quase o dobro de possibilidade
de divorciar-se dentro de dez anos, em comparação com os que começam a vida em
comum com o casamento.1
Além disso, um estudo recente descobriu que os casais que apenas coabitam
têm um índice de agressão física três vezes mais elevado que os casais casados,2
e o índice de violência grave é quase cinco vezes maior do que em casais
casados.3
Quanto mais ativos sexualmente os cônjuges forem antes do casamento,
maior será a probabilidade de que eles se traiam depois de estabelecido o
vínculo.4
Não é de surpreender que as mulheres envolvidas em relacionamentos
casuais5 relatem um índice muito mais elevado de depressão e muito
mais baixo de satisfação sexual do que as mulheres numa relação matrimonial.6
A atual explosão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) desafia
ainda mais o conceito do sexo seguro. Uma análise da literatura científica
revela que os preservativos não evitam a transmissão do vírus HIV – que causa a
Aids – entre 15 e 31% das vezes.7
Portanto, não deveria nos surpreender que, apesar de ter aumentado o
uso de preservativos nos últimos 25 anos, novos casos e novos tipos de DSTs
hajam aumentado ainda mais.8
Nos anos 60, antes do início da “revolução sexual”, as principais doenças
transmitidas pelo contato sexual eram a sífilis e a gonorréia, e se acreditava
que estivessem desaparecendo por causa do desenvolvimento de antibióticos. Hoje,
a ciência médica descobriu mais de 20 tipos amplamente disseminados de DSTs,
com média de mais de quinze milhões de novos casos por ano nos Estados Unidos.
Dois terços de todas as DSTs ocorrem entre pessoas de 25 anos de idade ou
menos.9
A cada ano, três milhões de adolescentes contraem uma DST nos Estados
Unidos. Em média, pelo menos um quarto dos adolescentes sexualmente ativos é
infectado.10
A DST líder é o papiloma vírus humano (hPv), com 5,5 milhões de novos
casos relatados a cada ano.11
Outro flagelo mortal é a Chlamydia trachomatis, que agride as trompas
de falópio e é a causa de infertilidade que mais cresce. A ciência médica ainda
não tem cura para doenças virais como herpes e o vírus da imunodeficiência
humana (HIV), que causa a Aids. Segundo os Centros de Prevenção e Controle de
Doenças dos Estados Unidos, a Aids lidera como causa de morte entre pessoas de
25 a 44 anos de idade.
A simples menção desses números dificilmente apresenta um quadro do que
significa ter a vida devastada pelo hPv ou presenciar a morte de um ente
querido com Aids. Posso garantir que essa é uma forma horrível de morrer.
O que Dizer das Crianças?
Um resultado ainda mais triste da revolução sexual tem sido o aumento
quintuplicado no número de crianças que crescem em lares com a presença de
apenas um dos pais. De acordo com o Centro Nacional de Estatísticas da Saúde
dos Estados Unidos, os nascimentos fora do matrimônio naquele país
representaram 33% de todos os nascimentos em 2002, comparados com 7% em 1960. Isso
acontece a despeito de mais de 1,3 milhão de abortos realizados anualmente ali.
“Não há um único fator em que as crianças deste país não estejam em
pior situação” por causa da mudança nos valores sexuais, segundo Patrick Fagan,
da Heritage Foundation.12
As crianças em lares dirigidos por apenas um dos pais têm maior
probabilidade de sofrer abuso sexual, ser presas, repetir o ano escolar, parar
de estudar ou ser expulsas, usar maconha, cocaína e cigarro, carregar armas,
ter graves problemas emocionais e comportamentais, sofrer de problemas de saúde
física, ser sexualmente ativas, tornarem-se mães/pais solteiros, sofrer
depressão ou cometer suicídio.
Esses são alguns resultados mais óbvios da “liberdade” e “liberação” que
ocorre. É verdade que aconteceu uma mudança radical nos padrões morais de
alguns elementos da sociedade, mas descrevê-la como “liberação” ou promovê-la
como avanço ou melhoramento é como gabar-se da liberdade para fumar. E o número
anual de pessoas que morrem como resultado da revolução sexual excede em muito
o número anual dos que morrem devido ao fumo.
Obtendo o Controle
Jesus disse que o adultério começa onde termina: no coração. “Ouvistes
o que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura,
no coração, já adulterou com ela” (Mateus
5:27 e 28).
Ele reconheceu que o impulso sexual se origina na mente e que a mente é
estimulada pelos sentidos – “olhar para uma mulher com intenção impura”. O sexo
mental – fantasias sexuais desenfreadas – pode parecer um prazeroso e inocente
passatempo, mas não é. Olhar cenas que excitam o desejo sexual e ouvir ou ler
histórias e descrições de sexo estimulam fortemente essas fantasias. É aí,
portanto, que deve começar a batalha pelo autocontrole.
É comum falar acerca da contaminação do ambiente por indústrias pesadas.
Mas existe outro tipo de poluição que é igualmente disseminado. É a
contaminação do ambiente por pessoas que usam imagens sexualmente estimulantes
em outdoors, na televisão, nos cinemas e impressas em toda parte.
Hoje ocorre um debate público acerca da educação sexual. Um grupo diz
que precisamos mostrar aos jovens que o único sexo seguro é a abstinência. “É
só dizer não”, defendem. Seus oponentes alegam que essa idéia simplesmente não
funciona. Não importa quantas vezes você disser isso, eles vão fazê-lo de
qualquer jeito.
Ambos os grupos têm razão. É claro que os jovens nunca serão capazes de
“simplesmente dizer não” se isso for tudo o que lhes dissermos.
Como conseguiriam, quando são bombardeados dia e noite com imagens
altamente estimulantes e propaganda sexual na mídia? Precisamos explicar aos
jovens – e, deixando a presunção de lado, vamos reconhecer que todos nós
precisamos disso, não só os adolescentes – que o controle sexual começa onde
Jesus disse: na nossa mente. Se, vez após vez, nos permitirmos ser levados até
o limite e se nosso plano de defesa for parar quando estivermos a ponto de
cair, certamente fracassaremos.
É aqui que o poder de escolha entra em cena. Os anunciantes podem publicar
quadros estimulantes, mas não podem nos forçar a continuar olhando ou a comprar
seus produtos. Os compositores podem incluir palavras vulgares na sua música,
mas não podem nos obrigar a ouvir ou prestar atenção à sua mensagem. Ninguém
pode nos forçar, contra nossa vontade, a continuar olhando um vídeo ou um
programa de Tv obsceno uma vez que percebamos de que se trata, nem a continuar
sendo amigos de pessoas que insistem em fazer pressão sobre nós com seus falsos
valores e histórias sobre seus casos e conquistas.
Estávamos parados no topo de El Peñol, um gigantesco monólito de arenito
que se ergue abruptamente 200 metros acima dos campos de Antioquia, na
Colômbia. Com alguns amigos, arfando e ofegando, havíamos subido os 649 degraus
até o topo.
Para nossa grande surpresa, não vimos nenhuma grade de proteção lá em cima,
nenhuma barreira ou mesmo placas de advertência. O amistoso guarda nos contou
que já estava naquele emprego fazia mais de vinte anos.
– Alguém já despencou aqui de cima? – perguntei.
– Sim – disse ele. – Uns trinta.
Chocado, perguntei: – E todas essas pessoas tiveram a intenção de se
jogar ou foi por acidente?
– Não sei. Nunca pudemos fazer a pergunta. – Ele parecia divertir-se
com essa resposta.
Depois de conversar com o homem por algum tempo, andamos por ali para
observar o cenário. A área plana no topo compreende cerca de meio hectare. O
curioso é que não há um precipício repentino na margem. Existe apenas um
declive gradual. Na verdade, não parece tão perigoso.
Enquanto observava isso, fiquei pensando que seria interessante descobrir
se alguma pessoa já teria chegado perto da beirada o suficiente para espiar lá
para baixo. Podíamos enxergar quilômetros ao redor em todas as direções, mas
seria mais excitante se pudéssemos olhar diretamente para baixo, não seria?
Hummm, OK. Acho que vou chegar um pouquinho mais perto da extremidade.
Ei, isso é divertido! Mas ainda não vejo direito. Está bem, mamãe. Não se
preocupe. Não penso mesmo em ir até o fim.
O topo do El Peñol não tem placas de advertência. Mas fico feliz porque
Jesus nos deixou um claro aviso em Seu ensino acerca do sétimo mandamento. Não
chegue nem mesmo perto da margem, disse Ele.
Decida por si o que seus olhos verão, em que sua mente pensará. Não permita
que anunciantes obscenos e roteiristas de cinema determinem o conteúdo do seu
pensamento.
“Tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é respeitável,
tudo o que é justo,
tudo o que é puro,
tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama,
se alguma virtude há
e se algum louvor existe,
seja isso o que ocupe o vosso pensamento”
(Filipenses 4:8).
É aqui que devemos traçar a linha na batalha pela pureza. Só poderemos
vencer a batalha afastando-nos do mal, ocupando a mente com idéias positivas e
enobrecedoras, fazendo de Deus a prioridade da nossa vida. “Tu, Senhor,
conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em
Ti” (Isaías 26:3).
Completo Novamente
Numa sociedade perfeita, poderíamos encerrar este capítulo aqui mesmo,
mas vivemos num mundo devastado pelo mal. Sem dúvida, algumas pessoas que lêem
isto estão relembrando experiências que prefeririam esquecer.
Num dia terrível, um grupo de homens foi a Jesus arrastando uma mulher,
que jogaram aos pés dEle como um trapo sujo.
– Mestre – disseram – esta mulher foi apanhada em flagrante adultério (João 8:4).
Depois de Jesus ter desmascarado aqueles hipócritas e eles terem saído,
Ele disse à mulher: – Onde estão as pessoas que a acusavam?
Surpresa, ela abriu os olhos e olhou ao redor. Depois respondeu:
– Não há ninguém, Senhor.
A pergunta de Jesus é para todos os que, assim como aquela mulher, já se
acharam vencidos pelo pecado e ficaram cheios de remorso e desespero.
Jesus disse:
– Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.
“Porquanto Deus enviou o Seu filho ao mundo, não para que julgasse o
mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (João 3:17).
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”
(Romanos 8:1).
– Acho que não é uma boa idéia – comentou minha mãe quando eu quis
levar o relógio do vovô para a escola.
– Ei, já tenho 14 anos – respondi. – Sei o que estou fazendo. – E lá
fui eu.
Quando o desastre aconteceu, parecia que eu havia quebrado a coisa mais
preciosa no mundo e que nada podia doer tanto. Mas, de lá para cá, descobri que
isso não era verdade. Há coisas que são infinitamente mais preciosas do que um
relógio de ouro, e quebrá-las dói mais do que eu poderia ter imaginado.
Desde aquele dia, já conheci mais de trinta pessoas que despencaram pela
borda do abismo com relação ao sétimo mandamento, e já vi o dano de longo
alcance causado pelo que fizeram. Mas também testemunhei a cura, a esperança e
a restauração, e sei que isso é possível.
O dano que causei naquele dia ao relógio do vovô teve conserto. Algumas
semanas mais tarde, ele tiquetaqueava fielmente como sempre. Por falar nisso,
eu ainda o tenho hoje.
Louvo a Deus pelo sétimo mandamento. Ele mostra que Deus nos ama e Se
importa conosco o suficiente para nos avisar do terrível perigo. Também me
sinto grato porque o perdão e a restauração se encontram livremente acessíveis
a todos.
1 Neil G. Bennett, Ann Klimas Blanc e David E. Bloom,
“Commitment and the Modern Union:
Assessing the Link Between Premarital Cohabitation and Subsequent
Marital Stability”,
American Sociological Review 53 (1988): 127-138.
2 Sonia Miner Salari e Bret M. Baldwin, “Verbal, Physical,
and Injurious Aggression Among
Intimate Couples Over Time”, Journal of Family Issues23 (2002):
523-550.
3 Kersti Yllo e Murray A. Straus, “Interpersonal Violence Among
Married and Cohabiting Couples”, Family Relations30: 343.
4 Andrew M. Greeley, Faithful Attraction: Discovering
Intimacy, Love and Fidelity in American
Marriage(Nova York: Tom Doherty Associates, 1991).
5 Christina Hoff Sommers, Who Stole Feminism? How Women Have
Betrayed Women(Nova
York: Simon & Schuster, 1994), p. 251.
6 Esses resultados se baseiam numa pesquisa entre 1.100
pessoas acerca de sua satisfação sexual, realizada pelo Conselho de Pesquisa
Familiar e relatado em William R. Mattos Jr.,
“The Hottest Valentines: The Startling Secret of What Makes You a
High-Voltage Lover”,
Washington Post, 13 de fevereiro de 1994. Entre as surpreendentes
revelações da pesquisa estava a informação de que “mulheres estritamente
monógamas experimentam o orgasmo durante o sexo com freqüência duas vezes maior
que as mulheres promíscuas”.
7 Dra. Susan Weller, “A Meta-Analysis of Condom Effectiveness
in Reducing Sexually Transmitted HIV”, Social Science and Medicine36 (1993).
Ver também Instituto Nacional de
Doenças Alérgicas e Infecciosas, Instituto Nacional da Saúde,
Departamento de Saúde e
Serviços Humanos, “Summary of Scientific Evidence on Condom
Effectiveness for Sexually
Transmitted Disease (STD) Prevention”, 20 de julho de 2001.
8 Centros Para a Prevenção e o Controle de Doenças, “Tracking
the Hidden Epidemics 2000: Trends in STDs in the United States”, em http://www.cdc.gov/nchstp/od/news/RevBrochure1pdftoc.htm.
9 Shepherd Smith e Joe S. McIlhaney, “Statement of Dissent
on the Surgeon General’s Call to Action to Promote Sexual Health and
Responsible Sexual Behavior”, editado pelo Instituto Médico de Saúde Sexual
(Austin, Texas), 28 de julho de 2001; Associação Americana de Saúde Social
(Triangle Park, NC), “STD Statistics”, em http:// www.ashastd.org/stdfaqs/statistics.html.
10 Alan Guttmacher Institute, Sex and America’s
Teenagers(Nova York: Alan Guttmacher
Institute, 1994), p. 19, 20.
11 Sociedade Americana de Saúde Social, “STD Statistics”.
12 Ver Patrick F. Fagan et al., The Positive Effects of
Marriage(Heritage Foundation, 2002).
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