domingo, 6 de novembro de 2011

Desvendando Daniel 12: a promessa final


O livro de Daniel tem um ponto de partida e suas profecias, reveladas pelo anjo Gabriel, começam em Babilônia, depois Medo-Pérsia, Grécia, Roma, destruição do Império Romano, passando pela igreja apóstata romana, o julgamento de Deus no Céu, o fim de todas as coisas, culminando com a volta de Cristo. Cada profecia de Daniel, não importa onde comece, acaba com a volta de Cristo, finda com o retorno de nosso Senhor. Assim, o livro de Daniel nos enche de esperança. 


Daniel 12:1: "Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro." 

É importante notar que os capítulos 10, 11 e 12 constituem uma visão, não três. Todas as profecias de Daniel revelam o fato de que o falso sistema religioso romano será o ator principal na cena de encerramento do conflito dos séculos. O último verso de Daniel 11 termina com as palavras: “Mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.” É nessa hora que Miguel assume o comando. 

A identidade de Miguel já foi revelada: Cristo (Miguel é o nome usado por Jesus em momentos de guerra direta contra Satanás). 

Daniel 7 mostra que o Filho do homem entra onde se acha o trono de Deus, e Miguel Se assenta para o início do julgamento. Miguel Se levanta no fim do julgamento. O que isso significa? Na profecia de Daniel 11:2 e 3, “levantar-se” significa tomar o poder ou governar. Quando terminar o julgamento, Miguel tomará o reino que a Ele pertence.

Quando Miguel Se levantar, haverá um tempo de angústia sem precedentes. Em Mateus 24:1, lemos acerca de uma tribulação sem comparação antes e depois. Esse foi o tempo de angústia experimentado pelo povo de Deus durante o período da dominação papal. Por 1.260 anos, o povo de Deus foi perseguido e oprimido. Mas essa não é a tribulação sobre a qual Daniel falou.


A tribulação mencionada em Mateus cai sobre a igreja. O povo de Deus passa por essa tribulação, e por causa deles mesmos ela é abreviada (Mt 24:22). O tempo de angústia descrito por Daniel não é um tempo de perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. A expressão “qual nunca houve, desde que houve nação” mostra que esse é um tempo de angústia sobre as nações, e não sobre a igreja. Esse é o tempo de angústia que inclui as últimas pragas de Apocalipse 16 e dá desfecho à história deste mundo com a vinda de Jesus para destruir os Seus inimigos. No fim dessa tribulação, serão libertos todos aqueles cujos nomes estiverem no livro da vida.

Daniel 12:2: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." 

Essa não pode ser a descrição da ressurreição que ocorre na segunda vinda de Cristo (1Ts 4:16), quando todos os justos mortos, de todas as épocas, são ressuscitados. Nessa ressurreição, “muitos” são despertados do pó da Terra. Entre eles, estão pessoas perversas que são despertadas para “vergonha e horror eterno”. Isso não pode se referir à primeira ressurreição, da qual diz a Bíblia: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos” (Ap 20:6). 

Também não pode se referir à segunda ressurreição, descrita em Apocalipse 20:5, em que é dito que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. A segunda ressurreição exclui os justos que ressuscitaram na primeira, e nenhum daqueles que dela participarem gozarão a vida eterna. 

Duas ressurreições – Há um intervalo de mil anos entre a ressurreição dos justos e a ressurreição dos ímpios. Todos eles vivem no mesmo mundo, são sepultados na mesma terra; mas, quanto ao tempo da ressurreição, haverá enorme separação. A ressurreição aqui mencionada não se encaixa com a descrição de nenhuma das duas ressurreições. 

Quando Jesus estava diante de Caifás, o sumo sacerdote, Ele declarou: “Vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26:64). Como poderia Caifás, que logo viria a morrer, ser testemunha ocular da segunda vinda de Cristo? No livro de Apocalipse é dito: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até quantos O traspassaram” (Ap 1:7). 

É evidente que para Caifás e outros verem o Cristo crucificado vindo nas nuvens com poder e glória, deverá ocorrer uma ressurreição preliminar, especial, no momento em que Cristo estiver voltando. Alguns que se esforçaram e sofreram por causa da esperança da vinda do Salvador, mas que morreram sem vê-Lo, serão ressuscitados para testemunhar as cenas desse glorioso evento que tanto esperaram (cf. Ap 14:13). 

Porém, os que zombaram dEle e O ridicularizam em Sua agonia de morte serão ressuscitados como parte do seu castigo. Caifás estará entre os que não poderão suportar a majestade e o esplendor de Jesus, e clamarão para que as rochas e as montanhas caiam sobre eles (Ap 6:16, 17). Mas existem outros, como diz Isaías, que olharão para cima e dirão: “Este é o nosso Senhor, o qual aguardávamos. Ele nos salvará.” 

Daniel 12:3: "Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente."

Paulo diz: “Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles” (1Co 3:19). Quando Cristo voltar, muitos que se consideram sábios e cultos estarão entre os que clamarão para as rochas e as montanhas caírem sobre eles. A recompensa final não será dada com base na sabedoria ou no conhecimento mundanos. O Céu não julga de acordo com os padrões mundanos. Quem refulgirá como as estrelas, sempre e eternamente? Não serão aqueles a quem o mundo engrandece, exalta e aplaude. O louvor do mundo passa como a brisa da manhã. As promessas de Deus duram para sempre. 

Deus chama de sábios “os que a muitos conduzirem à justiça”. “O fruto do justo é árvore da vida, e o que ganha almas é sábio” (Pv 11:30). “Sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados” (Tg 5:20). 

Daniel 12:4: "Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará." 

Em Daniel 8:26, é dito ao profeta: “Preserva a visão, porque se refere a dias ainda muito distantes.” Essas visões não foram compreendidas adequadamente pela igreja primitiva. Não que Deus tenha ocultado arbitrariamente essas verdades dos cristãos das eras passadas. Algumas profecias são mais bem compreendidas depois que muitos dos seus detalhes são cumpridos. Vivendo depois dos eventos os estudiosos da Bíblia podem olhar a História passada e ver como essas coisas aconteceram de acordo com o predito, vantagem que só os que vivem “no tempo do fim” poderiam ter. 

O verso sugere que o conhecimento das profecias aumentaria. “Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (texto conforme versão Almeida Revista e Corrigida) se refere mais especificamente à pesquisa das profecias para conhecer o seu verdadeiro significado. Ele aponta para os que, de maneira persistente, dedicada e meticulosa, estudam as visões. Somente esses que “correm de uma parte para outra”, ou “pesquisam” no livro de Daniel – e outros livros da Bíblia -, entenderão suas verdades. Essa profecia está sendo cumprida agora, por todos os que estudam a Palavra. 

A grande contribuição de Apocalipse 10 é apresentar a implicação de que, antes de os sábios chegarem a compreender completamente, eles enfrentariam compreensões errôneas. Eles haveriam de “comer” as profecias abertas de Daniel com grande satisfação, apenas para descobrir que a sua alegria inicial se converteria em tristeza; seu regozijo em desapontamento. 

Daniel 12:5: "Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado." 

Aqui Daniel vê dois visitantes celestiais, além daquele que fala com ele. Acontece um diálogo que o ajuda a entender coisas que não podiam ser apresentadas por meio de símbolos. 

Daniel 12:6: "Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?" 

Daniel 12:7: "Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão." 

Em Daniel 8:13 e 14, é usado um método semelhante de revelar uma profecia – o de perguntas e respostas. Essas perguntas e respostas aqui parecem ser um resumo dos importantes elementos fornecidos em visões anteriores. 

Miguel ergueu as mãos e pronunciou um juramento solene. Quando o Filho de Deus jura pelo Deus vivo, a mensagem que segue é importante. Nesse caso, a mensagem era que ao fim dos 1.260 anos de Daniel 7:25 a luz iria brilhar sobre as profecias do tempo do fim.

O período de tempo mencionado aqui é repetido várias vezes em Daniel e Apocalipse. Ele se refere aos 1.260 anos da supremacia do paganismo romano em sua forma religiosa e à perseguição ao povo de Deus. 

A expressão “estas maravilhas” se refere às coisas que Daniel vira no capítulo 11, que, por sua vez, eram simplesmente uma explicação dos assuntos do capítulo 8. A resposta da pergunta sobre quando aconteceriam as maravilhas é dada em duas partes. O tempo da destruição do poder do povo santo, que é um período de tempo definido de 1.260 anos, e o tempo quando “se cumprirão essas maravilhas”, que é um período cuja época não está determinada. O período definido de 1.260 anos terminou em 1798, e agora vivemos em um período que não foi medido. 

Daniel 12:8: "Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas?" 

Daniel 12:9: "Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim."



Era como se Deus afirmasse: “Não se preocupe Daniel, tudo está em Minhas mãos.” O propósito da visão era revelar o que aconteceria com o povo de Deus nos últimos dias. Somente esse povo poderia entender o seu significado. Qualquer um que não passasse pelas perseguições dos últimos dias não poderia compreender inteiramente as visões do livro de Daniel. 

Assim, Miguel (o homem vestido de linho) declinou completamente de responder a segunda pergunta, e esse fato é sem dúvida muito significativo. Respondeu apenas: “Vai, Daniel.” Daniel não estava vivendo no tempo do fim; portanto, não necessitava compreender os detalhes daquilo que ocorreria apenas no tempo do fim. A resposta de Miguel nos ensina que a profecia é concedida para fins práticos. Ela não é provida para satisfazer a curiosidade desnecessária, não importa quão espiritual possa ser.

Daniel 12:10: "Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão." 

Temos aqui o segredo do verdadeiro conhecimento. As Escrituras podem ser compreendidas somente por um povo puro e santificado. As escamas da descrença e da ignorância são removidas milagrosamente dos olhos e coisas que antes não eram entendidas são desvendadas em todo o seu significado.

Daniel 12:11: "Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias." 

Aqui, um novo período profético é introduzido. O começo desse período não é claramente definido. É simplesmente dito que é um “tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora”. A maior parte dos comentaristas sugere que, embora a “abominação desoladora” fosse estabelecida plenamente em 538 d.C. – o início dos 1.260 anos – um importante evento ocorrido antes preparou o caminho para o que aconteceu em 538. A conversão de Clóvis, rei dos Francos, ao catolicismo e a sua aliança com o bispo de Roma em 508 d.C., como primeiro poder civil a unir-se à igreja de Roma, lançando a união da Igreja com o Estado, foi um acontecimento vital para a instalação da abominação desoladora da grande apostasia – a farsa do homem. Nesse caso, ambas as profecias – a dos 1.260 anos e a dos 1.290 anos – terminaram em 1798. 

Daniel 12:12: "Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias." 

Outro período profético, 45 dias/anos mais longo do que o anterior. Quando começa esse período? Embora não haja uma indicação direta, deve haver alguma conexão entre esse período e o de 1.290 dias/anos do verso anterior. Se os dois períodos começam ao mesmo tempo – em 508 d.C. –, esse período termina em 1843. O que aconteceu nesse ano? O início do grande movimento religioso profético de restauração da verdade de Deus. Por isso é prometida uma bênção (“bem-aventurado”) aos que esperam e chegam a esse tempo. Agora estamos em condições de explicar a imagem de Nabucodonosor e seus metais, a seqüência das quatro bestas, o surgimento e progresso do chifre pequeno, os eventos das setenta semanas, o começo e o fim dos 2.300 dias/anos. 

Daniel 12:13: "Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança." 

A obra de Daniel estava completa. Daniel estava com 90 anos de idade quando Deus disse: “Chegou a hora de descansar.” 

Deus prometeu a esse fiel servo que não falharia em dar-lhe sua recompensa por uma vida inteira de absoluta fidelidade. Daniel sabia, sem dúvida, que estaria com Deus na eternidade. Essa mesma promessa também nos pertence. Tomar parte dela depende exclusivamente de nossas escolhas.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador "Daniel")


Fonte: www.criacionismo.com.br

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